A Copa está aí, e o brasileiro, que sempre viveu com muita intensidade os dias que envolvem o evento esportivo de maior audiência no mundo, anda meio cabisbaixo. Está triste, porque sabe, no fundo, que poderia estar vivendo agora uma das melhores fases de sua vida. A festa pode até acontecer em algum momento, mas não será, nem de longe, na proporção que esperávamos.
Quando soubemos que o Brasil sediaria a Copa do Mundo em 2014, a expectativa era de que quando chegasse este momento teríamos melhores rodovias, um transporte público de qualidade – até um trem bala foi prometido -, aeroportos bem estruturados, bons hospitais, escolas de qualidade e melhor segurança.
Achamos, mesmo, que os estádios seriam um mero detalhe. Que ilusão! Entretanto, no fundo, não tivemos culpa, porque fomos alimentados por mentiras oficiais que criaram uma falsa perspectiva de futuro.
Todo o planejamento – ou a falta dele – para a Copa do Mundo no Brasil é um retrato do Governo do PT. Falta visão de futuro, compromisso com a verdade e eficiência na gestão pública. Pediram mais sedes à Fifa para gastarem ainda mais o dinheiro dos nossos impostos e fizeram estádios que não terão utilidade após os 30 dias da Copa do Mundo.
O foco de Dilma, agora, é fazer desta uma Copa sem racismo. Ela diz que aqui “todas as etnias e raças do mundo se encontram e convivem fraternalmente”. Louvável que o objetivo seja uma copa sem preconceito, mas, ao insinuar que o Brasil é um exemplo igualdade para os outros povos, contabiliza mais uma mentira em seu histórico já recheado de falácias.
Não adianta lutarmos por uma Copa sem racismo sendo que, no dia a dia, o governo não toma medidas efetivas pela igualdade racial. Por exemplo, em cinco anos, R$ 300 milhões deixaram de ser gastos em políticas de igualdade racial. Então, não adianta agora fingir uma preocupação que não existe.
O racismo não é levado a sério no Brasil, e com um governo como esse o negro continuará em condições de desigualdade. Deveríamos aproveitar todas as situações envolvendo o racismo em 2014 para tomar medidas importantes. Mas Dilma, com sua indiferença a todos os problemas que vivemos, passa a impressão de viver em mundo paralelo. E talvez isto não seja apenas uma impressão.
Após a Copa, já sabemos que negros continuarão ganhando em média 36% menos que brancos, permanecerão sendo as maiores vítimas da violência e tendo menos oportunidades.
Seja em relação à promoção da igualdade racial ou melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, não sairemos como vencedores. Nossas chances de vitória, nesta Copa, se restringem aos gramados, infelizmente. Fora do campo perdemos todas as oportunidades possíveis.