Defesa de Toron usa mulher como álibi no julgamento do mensalão do PT
O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara à época do mensalão, negou que o petista tenha praticado qualquer crime.
Brasília – O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara à época do mensalão, negou que o petista tenha praticado qualquer crime. Na ação do mensalao do PT, ele é acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e peculato. Toron foi o primeiro dos defensores dos réus a estourar a uma hora que o Supremo concedeu para que os advogados apresentassem a defesa de seus clientes. Toron confirmou que João Paulo sacou, por meio da mulher, R$ 50 mi de uma agência do Banco Rural em Brasília. E usou a esposa do petista como álibi. “Ela assinou o recibo de recebimento do dinheiro. É diferente de alguém que mandou o feirante, que mandou o pintor. Ele mandou a mulher”, justificou.
Sobre a acusação de lavagem de dinheiro, ressaltou o advogado, que o próprio procurador-geral, Roberto Gurgel, disse que o dinheiro era previamente lavado antes de ser repassado. “Se o tomador recebia lavado, então não temos lavagem. A lavagem envolveum processo. Aquele que se limitou a sacar o dinheiro não lavou”, destacou.
Segundo o Ministério Público, João Paulo Cunha recebeu R$ 50 mil para, no exercício do cargo de presidente da Câmara, praticar atos em benefício da SMP&B, de Marcos Valério.
De acordo com Gurgel, João Paulo Cunha negou que o valor fosse vantagem indevida perante à CPMI dos Correios. Primeiro, disse que a mulher esteve no Banco Rural para pagar uma fatura de TV por assinatura. Depois, justificou que o dinheiro era para custear pesquisas eleitorais na cidade de Osasco/SP, sua base eleitoral.
O procurador explicou que tal alegação que não se encontrava qualquer respaldo nos autos. E prosseguiu: “Causa perpexidade que [João Paulo Cunha] não tenha pedido ao Delúbio {Soares} para fazer uma simples transferência. ‘Tô te mandando um doc, tô te mandando uma TED’. Como justificar tudo que era feito de modo excuso?” Para Gurgel, “João Paulo não conseguiu justificar minimamente a origem dos recursos”.
A empresa de Valério logo depois sagrou-se vencedora da licitação do contrato de publicidade com a casa. Segundo Gurgel, ele se apropriou de R$ 260 mil da Câmara, quando autorizou a subcontratação da empresa Ideias, Fatos e Textos (IFT), de Luiz Costa Pinto, para serviços de assessoria via SMP&B.
Perícias do Instituto Nacional de Criminalística comprovaram que a Secretaria de Comunicação Social da Câmara não registrou a execução dos serviços de boletins da IFT. “O ponto recorrente é que tudo, absolutamente tudo em relação à quadrilha, era feito de modo enviesado, com dinheiro em espécie”, disse.