Líderes do MST tinham “milícia particular” e usavam poder para cometer crimes, diz Polícia Civil

“Movimento usa alguns de boa-fé, mas toda a estrutura organizacional é a de uma quadrilha”, avaliou Nilson Leitão

Imprensa - 07/11/2016

MST mc_ocupacao_ministerio_planejamento_foto_marcelo_camargo_05092016_6Brasília (DF) – Reportagem veiculada neste domingo (07) pelo programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, revelou que líderes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) usavam de suas posições de poder para cometer crimes em acampamentos. Segundo investigações da Polícia Civil, as lideranças mantinham uma espécie de “milícia particular” e cobravam taxas dos assentados, por exemplo, pelo uso de água e de energia elétrica. Os trabalhadores sem-terra também tinham que obedecer a um toque de recolher, e não podiam deixar os acampamentos sem pedir permissão.

A Operação Castra, deflagrada na última sexta-feira (04) pela Polícia Civil no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, prendeu oito suspeitos de integrar a quadrilha, entre eles o vereador mais votado do município de Quedas do Iguaçu (PR) nessas eleições municipais, o petista Claudelei Torrente Lima. Os envolvidos deverão responder pelos crimes de furto e dano qualificado, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere privado, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo restrita e constrangimento.

O deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT) destacou que os crimes cometidos por líderes do MST não são novidade. “Eu, na posição de relator da CPI do Incra Nacional, tenho visto coisas horripilantes em relação a essa organização. O MST já era denunciado por nós. Esse movimento usa alguns de boa-fé, mas toda a estrutura organizacional é a de uma quadrilha, de fato, de uma organização criminosa. Isso não é nenhuma novidade. A novidade agora é que começa a vir à tona o que o MST faz”, disse.

A Polícia Civil apurou ainda que as invasões comandadas pelo grupo eram propositalmente feitas em fazendas produtivas, seja por agricultura, pecuária ou plantação de madeira. O esquema visava negociar com os próprios donos das terras, cobrando quantias em dinheiro para que os produtores rurais pudessem colher suas plantações, na tentativa de evitar parte do prejuízo.

“É um grupo onde os seus líderes são treinados como guerrilheiros, mas é claro, com a intenção depois de acabar não só cometendo invasões em áreas produtivas, destruindo laboratórios de pesquisas. O pano de fundo de tudo isso mesmo, na verdade, é faturar em cima da fraqueza, da boa intenção das pessoas de bem que sonham realmente em ter a sua terra, mas são pessoas que são usadas”, constatou o parlamentar.

“E isso vai muito além. Em muitas das áreas que eles acabam invadindo ou assumindo como assentados, pelo menos de 20% a 30% dessas pessoas são pessoas que vão apenas para poder retirar e explorar as riquezas como madeira, minério, e depois abandonam essas áreas de assentamento. Isso tudo a CPI tem mostrado. O caso deles não é política social que resolve. O caso deles é de polícia mesmo”, acrescentou.

O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner de Oliveira, explicou que a operação não visou o MST como um todo, mas sim as quadrilhas que agiam em seu interior.

“De forma nenhuma nós estamos aqui com o objetivo de investigar o Movimento dos Trabalhadores sem Terra. E, da mesma forma, também não estamos aqui para tornar crime a atividade de reforma agrária. De maneira nenhuma. Nós iniciamos uma investigação criminal com base em boletins de ocorrências, e foram notícias e crimes de várias fontes, de que um grupo especificamente estava praticando vários crimes de extorsão, que tinha formado uma milícia armada e estava praticando extorsão, roubos e obtendo lucros em cima desses crimes, subjugando inclusive os próprios assentados”, ressaltou o secretário.

‘Criminalização dos movimentos sociais’

Sobre a prisão do vereador Claudelei Torrente Lima em Quedas do Iguaçu, o diretório estadual do PT se limitou a divulgar uma nota repudiando “qualquer tentativa de criminalização dos movimentos sociais”.

“É uma escola”, rebateu o deputado Nilson Leitão. “Não é que um vereador se tornou um meliante, um praticante de ilícito. Ele se tornou vereador com a prática de ilícito: organizando assentamentos, virando um líder ideológico, mas de fato, isso é apenas um plano de fundo, uma grande enganação para poderem ter poder. Eles se tornam vereadores, alguns se tornam deputados estaduais, e até federais, exatamente com a intenção de continuar fazendo o ilícito”, completou o tucano.

Assista AQUI a reportagem do programa ‘Fantástico’, da Rede Globo.

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07/11/2016