Pará oferece rede de serviço especializado para tratamento de Aids
De 2012 até junho de 2016, 5.448 casos de contaminação pelo HIV foram registrados no estado
Foi durante um dos exames que se faz no pré-natal que a jovem A. P. N. S., 18 anos, descobriu, aos três meses de gravidez, que estava com o vírus HIV. De início, a notícia a pegou de surpresa e a deixou em dúvida quanto ao futuro da primeira filha. “Não acreditava no que estava acontecendo. Refiz o teste, esperando ter outra resposta, mas só veio a confirmação. Naquele momento, pensei que não tinha mais nada para mim”, relembra.
Com o diagnóstico em mãos, a estudante foi encaminhada à Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas Parasitárias Especiais (Uredipe), em Belém, para iniciar o tratamento. “Aqui funcionam o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), o Hospital Dia e o Atendimento Domiciliar Terapêutico. Todos os serviços contam com equipe multidisciplinar formada por médicos, biomédicos, dentistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros, capacitados e treinados para dar o suporte necessário ao paciente”, explica a diretora da Uredipe, Jana Durans.
Mais de 6,7 mil pessoas fazem o acompanhamento médico na Uredipe e mais de 3,9 mil vão ao espaço apenas para pegar a medicação. “O objetivo é que mais de cinco mil usuários venham até nós pegar o medicamento”, pontua Jana. Vale ressaltar que o tratamento para o vírus HIV é feito exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Pará, existe uma rede de serviço, ligada à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), própria para o trabalho de prevenção e para o monitoramento dos pacientes soropositivos. Ao todo, o Estado dispõe de 74 CTAs e 25 SAEs. “O governo trabalha como um articulador e um facilitador. Discutimos as estratégias que serão usadas na prevenção da doença e treinamos os profissionais das unidades municipais que atuarão diretamente com o paciente”, esclarece a coordenadora estadual DST/ Aids da Sespa, Deborah Crespo.
Dados – Levantamento feito recentemente pela Sespa mostrou que de 2012 até junho de 2016, 5.448 casos de contaminação pelo HIV foram registrados no Pará. Entre os infectados, a maioria (3.885) é heterossexual na faixa etária de 20 a 40 anos. Os homens ainda predominam nas estatísticas. No período, 3.444 pessoas do sexo masculino foram diagnosticadas com o vírus, enquanto entre as mulheres foram 2.004 registros. Somente neste ano, a Sespa já registrou 206 casos positivos de HIV – 134 em homens e 72 em mulheres. Os municípios com os maiores índices de contaminação são Belém, Bragança, Itaituba, Parauapebas e Santarém.
“O que vemos não é o aumento no número de casos, e sim a maior participação da sociedade, ou seja, hoje em dia as pessoas estão procurando fazer o teste, estão deixando o preconceito de lado, e com isso os casos começam a aparecer e ganhar notoriedade”, ratifica Jana.
O vírus HIV não desperta sintomas. Ele pode ser diagnosticado logo após a contaminação ou até anos depois do contato com a pessoa ou objeto contaminado. Só se confirma a doença por meio de exame de sangue, por isso é importante ficar em alerta e sempre que possível fazer o teste. Entre os fatores que podem levar ao contágio está a relação sexual sem uso de preservativo, a contaminação por meio de agulha ou alicates infectados e a amamentação, entre outros.
O tratamento é contínuo. Enquanto a ciência não descobrir a cura para o vírus, os pacientes precisam tomar o medicamento sem interrupções. “Acontece que, com muitos remédios e muito tempo de tratamento, algumas pessoas acabam relaxando e se esquece de tomar, atrapalhando tudo”, pontua Deborah Crespo.
A confirmação precoce da doença faz com que o paciente inicie o tratamento ainda no estágio inicial, evitando que o vírus se desenvolva a ponto de destruir o sistema imunológico da pessoa. Uma vez destruído este sistema, o paciente fica mais suscetível às chamadas infecções oportunistas, tais como a neurotoxoplasmose (que deixa a pessoa paralisada) e a tuberculose.
*Do portal do governo do Pará