O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, reafirmou nesta quinta-feira (23/10), no Rio de Janeiro (RJ), seu compromisso com iniciativas que beneficiem diretamente a mulher trabalhadora e prometeu ampliar o horário de atendimento das creches e das pré-escolas públicas até às 20h em todo o país. O objetivo, segundo ele, é dar tempo suficiente para que as mães possam pegar seus filhos nesses locais, já que o trânsito das cidades e outras dificuldades de deslocamento atrapalham a vida dessas famílias hoje.
“[No nosso futuro governo], as creches, que não foram construídas neste governo, serão construídas e ficarão abertas até às 20h. Todas as creches públicas terão seu horário estendido, em razão das modificações claras que existem hoje no cotidiano das famílias”, afirmou Aécio em entrevista à imprensa, acrescentando que o mesmo valerá para pré-escola.
Em seguida, Aécio acrescentou que: “Nós estamos adaptando o funcionamento desses espaços de proteção da criança até um horário mais compatível com a realidade contemporânea das mães e das famílias”.
O candidato explicou que a demanda pela ampliação do horário foi encaminhada por mães de várias partes do Brasil, em especial do Nordeste, e foi incorporado ao programa de governo da coligação.
Licença-maternidade
Aécio assumiu também o compromisso de garantir uma lei que amplie a licença-maternidade de mães cujos filhos recém-nascidos ficam internados logo após o nascimento por algum problema de saúde, baixo peso ou outros motivos. Aécio disse que o tempo da licença maternidade começará a contar somente depois que a criança deixar o hospital.
“Parto de uma experiência pessoal recente que tive, mas também de uma demanda que recebi de varias mães”, explicou ele, referindo-se ao fato de seus filhos que nasceram prematuros em junho – Bernardo e Julia – terem ficado internados. “Nós vamos garantir que a licença-maternidade passe a contar apenas a partir do momento em que o filho que tenha tido algum tipo de problema saia da rede hospitalar. Assisti inúmeros casos de mães que perderam seu emprego porque seus filhos ficaram dois, três, em muitos casos, mais meses internados”, afirmou o candidato.
Aécio também reafirmou seu compromisso com a melhora da qualidade de ensino das escolas públicas. “Nós queremos uma escola que valorize, que capacite os professores e que ensine os alunos”, disse. Ele reiterou a necessidade de implantar nacionalmente o programa Poupança Jovem, criado durante seu governo em Minas Gerais. A inciativa concede uma bolsa de estudo para que jovens que deixaram a escola retornem aos estudos.
Combate às drogas
Questionado sobre suas propostas para combater as drogas em território nacional e tratar os usuários, Aécio explicou que o primeiro passo é exatamente impedir que os entorpecentes entrem tão facilmente no Brasil, sem ação dos países vizinhos para coibir o tráfico.
“A Bolívia, por exemplo, produz quatro vezes mais folha de coca do que usa para o seu consumo nos seus altiplanos. Isso é uma sinalização clara de que não há ali uma preocupação desses países, talvez até uma vista grossa”, disse Aécio.
Aécio lamentou a falta de investimentos do atual governo na Polícia Federal e em ações que impeçam que as drogas cheguem ao território brasileiro.
“Controlar as nossas fronteiras, com investimentos na Polícia Federal, que tem o pior orçamento de investimentos dos últimos cinco anos, fortalecer as Forças Armadas, para que elas possam, também profissionalizadas e valorizadas, ser um instrumento parceiro da Polícia Federal no controle das nossas fronteiras”, afirmou o candidato.
No caso do tratamento aos usuários de drogas, Aécio se comprometeu a ampliar experiências dos governos de Minas Gerais e São Paulo. “Nós vamos ampliar Brasil afora as clínicas de recuperação, em parceria não apenas com o setor público, mas em parceria com ONGs, com igrejas, que podem ajudar o Estado a cumprir esse papel que, solitariamente, não cumpre”, afirmou.
Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves
Rio de Janeiro (RJ) – 23-10-14
Assuntos: ampliação dos horários de creches e pré-escolas; licença-maternidade; eleições; combate às drogas; campanha presidencial
(Seguem trechos)
Fala inicial
Hoje em boa companhia da minha filha Gabriela. Vou dar umas palavras depois eu respondo perguntas. Estamos aí na reta finalíssima desta campanha eleitoral e é hora de nós reafirmarmos compromissos e eu quero hoje, já na antevéspera do segundo turno, reiterar meu compromisso com as mulheres e com a educação no Brasil. No nosso governo, as creches que não foram construídas [neste governo] serão construídas e ficarão abertas até às 20 horas. Todas as creches públicas terão seu horário estendido em razão das modificações claras que existem hoje no cotidiano das famílias, principalmente nas grandes cidades, em razão do trânsito e das dificuldades das pessoas de retirarem seus filhos das creches. É uma demanda que recebi de inúmeras mães Brasil afora, especialmente do Nordeste, e que estamos incorporando ao nosso programa de governo. Da mesma forma, a pré-escola, aquela que atende às crianças até quatro anos, ficará aberta ate às 20 horas. Nós estamos adaptando o horário de funcionamento desses espaços de proteção da criança até um horário mais compatível com a realidade contemporânea das mães e das famílias. Nós sabemos que depois da família, a escola é o segundo local de proteção dessas crianças. Portanto, é possível, sim, fazermos isso de forma absolutamente adequada. Outra questão que eu quero aqui reiterar: vamos garantir uma lei em que a licença-maternidade, no caso de mães que tenham que ficar com seus filhos hospitalizados, e parto de uma experiência pessoal [quando meus filhos estavam internados] que tive e também uma demanda que recebi de várias mães, mas vamos garantir que a licença-maternidade passe a contar apenas a partir do momento de que o filho que tenha tido algum tipo de problema saia da rede hospitalar. Portanto, vamos estender esse período de licença-maternidade. Assisti pessoalmente inúmeros casos de mães que perderam seu emprego porque seus filhos ficaram um, dois, três meses e em muitos casos até mais meses internados. E, por fim, quero garantir meu compromisso à Nova Escola Brasileira. Uma escola que ensine com currículo do ensino médio regionalizado, flexibilizado, algo que infelizmente não foi feito ao longo de todos esses últimos 12 anos. Nós queremos uma escola que valorize, capacite os professores e que ensine os alunos. [Há também] a proposta do Poupança Jovem, que se insere nesse contexto como um estímulo para que o jovem possa concluir o ensino médio. Poupança Jovem, portanto, a começar pelas regiões mais carentes, mais pobres, onde há uma evasão escolar maior. É uma outra proposta que na verdade complementa esse conjunto de iniciativas de proteção à criança e à mulher.
Resultados das últimas pesquisas de intenção de voto
O que vimos no primeiro turno em relação às pesquisas eleitorais foi uma distância muito grande entre a vontade do eleitor e o que as pesquisas manifestavam. Eu vejo essas pesquisas como um estímulo aos nossos companheiros e companheiras que querem mudar. Fiquem aí em alerta e atentos porque temos todas as chances de ganhar. Temos várias pesquisas – de pelo menos três institutos que estão fazendo pesquisas quase que diárias para nós – que nos colocam alguns pontos na frente, mas eu não paro para avaliar pesquisa. Se tivesse feito isso, vocês provavelmente não estariam aqui, me dando o prazer de suas presenças, porque sequer no segundo turno eu estaria. Estou muito confiante. O movimento que estamos assistindo no Brasil inteiro – e vocês têm sido testemunhas de alguns desses movimentos – é algo avassalador. O sentimento por mudança é muito maior do que o sentimento de apoio a uma candidatura ou a um partido político, e esse sentimento de mudança, que eu chamaria de certa ‘espiral silenciosa’ que se forma em todo o Brasil, vai nos levar à vitória no próximo domingo. Isso fica cada vez mais claro quando nós assistimos ao desfecho dessa campanha, por parte dos nossos adversários. No futuro, essa campanha será estudada e, certamente, será tida como a de mais baixo nível de todas as campanhas que nós tivemos desde a redemocratização. A campanha conduzida pelos nossos adversários é a mais sórdida e mentirosa de todas essas campanhas. Hoje mesmo estão sendo presas pessoas com boletins falsos, com infâmias, com acusações levianas em relação a mim, à minha família. Hoje mesmo há denúncias de telemarketing assustando, aterrorizando pessoas que são beneficiárias do Bolsa Família. Quem age de forma tão sórdida como essa, em primeiro lugar, não está preparado para a democracia e, em segundo lugar, teme o resultado das eleições. Continuarei a fazer a campanha propositiva, a campanha que olha para o futuro. E quero afirmar aqui hoje a vocês, ao lado da minha filha, a verdade vai vencer a mentira. A responsabilidade vai vencer as informações caluniosas e criminosas que vêm sendo disseminadas Brasil afora.
O Brasil não merece ter uma disputa desse nível que os nossos adversários estão propondo. Quero reafirmar a eles que, assim como cheguei ao segundo turno, no domingo que vem [26/10], vamos vencer as eleições e escrever uma nova página na história do Brasil, de decência, de honestidade, de verdade e mesmo de respeito aos adversários. Lamentável o que nós estamos assistindo hoje. Lamentável vermos um ex-presidente da República se sujeitando a cumprir um papel de protagonista dessa campanha sórdida e, a meu ver, criminosa do ponto de vista dos ataques. Portanto, a minha candidatura não representa apenas a possibilidade de vitória de um único partido político, ela representa a possibilidade de nós resgatarmos uma política qualificada, a política que os brasileiros buscam e que esperam dos seus representantes. Tenho absoluta certeza que nessas 48 horas praticamente que nos separam do dia final de campanhas eleitorais, nós vamos estar com nossos companheiros mobilizados Brasil afora.
Combate às drogas
O primeiro passo é exatamente impedir que a droga entre de forma tão facilitada no Brasil a partir das vistas grossas que governos que produzem [essas drogas] ou mesmo matéria-prima [dessas drogas] fazem para a produção em seu território. A Bolívia, por exemplo, produz quatro vezes mais folhas de coca do que usa para o seu consumo nos altiplanos. Isso é uma sinalização clara de que não há ali uma preocupação desses países, e mais do que isso, talvez até uma vista grossa. E o governo do Brasil pelas relações que tem, aceita que isso ocorra. Controlar as nossas fronteiras, com investimentos na Polícia Federal, que tem o pior orçamento de investimentos, o menor dos últimos cinco anos, fortalecer as Forças Armadas para que elas possam, também profissionalizadas e valorizadas, ser o instrumento parceiro da Polícia Federal no controle das nossas fronteiras. Vamos ampliar uma experiência que nós fizemos em Minas Gerais, o Regresso, e a que existe em São Paulo, o Recomeço, onde vamos ampliar Brasil afora as clínicas de recuperação em parceria, não apenas com o setor público, mas em parceria com ONGs, em parceria com igrejas, que podem ajudar o Estado a cumprir esse papel que solitariamente ele não cumpre. E a partir daí, do resgate dessas pessoas, obviamente vai haver a ação repressiva, sobretudo, em torno dos traficantes e não dos usuários, mas dos traficantes. Tenho dito que precisamos ter coragem de enfrentar uma reforma no nosso Código Penal, no nosso Código de Processo Penal para que a sensação de impunidade que hoje se alastra por todo o país possa ser diminuída.
Efeitos dos resultados das pesquisas de intenção de voto sobre a campanha
A minha candidatura não perdeu do segundo turno para cá, pelo contrário, a minha candidatura cresceu do segundo turno pra cá. Ela pode ter tido um crescimento muito vigoroso nos primeiros dias, né? Tenho dito que a mesma tática tentada com Eduardo Campos da desconstrução e depois com Marina [Silva] é tentada comigo. Mas essa será uma eleição, sim, disputada, eu reconheço. Mas nós vamos vencer. Há uma onda muito grande de mudança no país. Meu ânimo não diminuiu um segundo sequer. Essas pesquisas servirão de ânimo e de entusiasmo até para alguns companheiros nossos que achavam que a coisa já caminhava com muita naturalidade. Tive notícias de eventos nesses últimos, nessas últimas 48h sem a minha presença, espontâneos, que nós não vimos desde a campanha das Diretas [Já]. No Marco Zero em Pernambuco, por exemplo, tinha 30 mil pessoas. Em Brasília, na Esplanada [dos Ministérios], milhares de pessoas. Em São Paulo, no Largo da Batata, dezenas e dezenas de milhares de pessoas. Isso não é algo que se vê usualmente em campanhas eleitorais. Isso é muito forte. Isso será avassalador no próximo domingo [das eleições]. Eu convido cada brasileiro, cada brasileira que ainda não tomou a sua decisão, que ainda avalia as propostas dos candidatos, que nos dê a chance de mudar o Brasil. Inclusive de requalificação da política. Vou dizer aqui mais uma vez. Para mim, a candidata oficial já é uma derrotada, independentemente do resultado eleitoral, pela campanha que se permitiu fazer, isso não honra ninguém. Isso não dignifica a política. Vou continuar firme para responder a todos os ataques, mas com enorme determinação de apresentar propostas e vencendo as eleições, governar para todos os brasileiros. Nos aguardem. Domingo estaremos novamente reunidos. E eu, no domingo à noite, estarei falando a vocês como presidente eleito da República.
Agressões do ex-presidente Lula
A minha história de vida está aí: com 22 anos de idade eu disputava eleições. Tenho 30 anos de mandato consecutivos honrados. Fiz uma trajetória de vida pública que os mineiros e os brasileiros reconhecem como uma trajetória rara. Presidi a Câmara dos Deputados e disputei eleições defendendo aquilo em que acreditava. Eu, com 24 anos de idade, estava ajudando a organizar a campanha das Diretas [Já] e, depois como um dos coordenadores da eleição de Tancredo Neves, que nos livrou da Ditadura, e infelizmente não tive lá, o Brasil não teve lá o apoio desses que me acusam hoje. Pelo o que o ex-presidente da República dizia de outros adversários seus como, por exemplo, o presidente Itamar Franco, o presidente Fernando Henrique Cardoso ou mesmo o de aliados atuais como o ex-presidente Sarney, eu acho que essas acusações soam até como elogio. Mas elas apenas o apequenam. Infelizmente, o ex-presidente Lula sai dessa campanha como uma figura menor da política brasileira. Muito obrigado.