Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves
Goiânia (GO) – 09-09-14
Assuntos: eleições 2014; educação; agronegócio; segurança pública;
(Seguem trechos)
Sobre viagem a Goiás e educação.
Quero hoje aqui, em Goiânia, em primeiro lugar, registrar a satisfação em ver os resultados que Goiás obteve, a partir do governo Marconi Perillo, no Ideb divulgado nesses últimos dias. É uma demonstração clara de que administração que se preocupa com educação consegue elevar, mesmo em espaço de tempo muito curto, os resultados, elevá-los de forma tão consistente, como conseguiu o Estado de Goiás. Educação será sempre a prioridade absoluta da nossa ação de governo. E quero aqui, ao lado do governador Marconi Perillo, celebrar que Goiás, administrado pelo PSDB, aparece em primeiro lugar no Ideb do ensino médio e Minas Gerais, administrada por nós ao longo dos últimos anos, aparece também nos primeiros lugares no ensino fundamental, nas primeiras e nas últimas séries. É uma demonstração clara de que mais do que qualquer discurso, a ação efetiva de valorização dos professores, de melhoria de qualidade das escolas, de estímulo a quem trabalha na rede educacional, pode trazer resultados extraordinários.
A nossa proposta visa a fundar a nova escola brasileira, com apoio àquelas escolas de menor rendimento em todo o Brasil, apoio do governo federal. Estamos falando na qualificação cada vez maior dos professores, na regionalização dos currículos, em especial do ensino médio, para que eles possam adaptar-se à realidade econômica, social e mesmo cultural de cada uma das regiões brasileiras. Goiás é hoje, ao lado de Minas Gerais, o melhor exemplo de resultados concretos e objetivos na melhoria da qualidade da educação. E tudo se transforma a partir da educação.
Ao lado disso, estamos propondo uma proposta que chama Mutirão de Oportunidades. Vamos resgatar os cerca de 20 milhões de jovens entre 18 e 29 anos que não concluíram o ensino fundamental ou o ensino médio. Onze milhões não concluíram o ensino fundamental e nove milhões não concluíram o ensino médio. Vamos dar a esses jovens uma bolsa de um salário para que eles possam concluir essas séries e o trabalho desses jovens vai ser estudar. Da mesma forma que você hoje tem bolsas para alguém fazer um mestrado ou fazer um doutorado, que é muito importante, vamos dar uma bolsa para esses jovens possam ser resgatados.
E vamos ampliar o programa Poupança Jovem, que tem também uma versão importante aqui em Goiás. Onde há uma bolsa de estudos, onde há um depósito de um recurso na conta dos alunos do ensino médio, e quando concluem, desde que tenham notas adequadas e frequência adequadas, eles sacam esse recurso. São medidas absolutamente inovadoras, Goiás talvez seja o mais inovador dos Estados brasileiros em inúmeras áreas, mas, na educação, o resultado está aí. É o PSDB liderando o Ideb do governo federal em todas as séries do ensino fundamental e agora do ensino médio.
Sobre a campanha eleitoral.
Todos que disputam a eleição podem ou não chegar ao segundo turno. Em Minas, por exemplo, nunca cheguei ao segundo turno. Ganhei todas antes do segundo turno, exatamente, do PT. Tenho uma proposta para o Brasil. Uma proposta consistente. Uma proposta que parte da experiência que tivemos da nossa gestão, que levou, por exemplo, a educação de Minas ao patamar que levou. Uma proposta de gestão com quadros qualificados em todo Brasil. E que permitirá ao Brasil retomar o ciclo de crescimento sustentável, voltando a gerar empregos, reorganizando a ação do Estado e retirando das mãos de um grupo que se apropriou das nossas empresas essas empresas, para que elas possam servir aos brasileiros.
Hoje, o que percebo de forma cada vez mais clara são semelhanças em relação às duas candidaturas que se colocam também nessa eleição, até porque conviveram durante muito tempo no próprio PT. É fácil voltarmos um pouco no tempo e ver onde cada um de nós estava, seja no momento do Plano Real, na Lei de Responsabilidade Fiscal, quando surgiram as denuncias do Mensalão. Eu não mudarei a nossa proposta ao sabor das conveniências, das circunstâncias. Tenho um projeto para o Brasil, e o Brasil enfrentará dificuldades a partir do ano que vem. E dificuldades que não contemplam improvisos.
Na verdade, a inexperiência da atual presidente da República custou muito caro ao Brasil. Estamos aí com a inflação de volta, um quadro de recessão na economia, perda crescente da nossa contabilidade, os nossos indicadores sociais piorando a cada ano. Uma nova experiência no governo não acredito que faça bem ao Brasil. Respeito todas as candidaturas, mas quem tem hoje uma proposta de mudança consistente, de mudança na direção correta, na mudança de valores, na mudança de qualidade na gestão pública, somos certamente nós. Por isso, tenho muita confiança de que estaremos no 2° turno, e que, do 2° turno, prontos para vencer as eleições.
Sobre denúncias envolvendo a Petrobras.
Me lembro que, desde o ano passado, quando começamos a denunciar as irregularidades na Petrobras, o governo dizia que queríamos denegrir, manchar a imagem da principal empresa pública brasileira. Hoje, estamos vendo que um grupo político se apropriou da Petrobras para fazer negócios, e negócios que tinham como consequência a manutenção do PT no governo. Continuarei fazendo aquilo que sempre fiz, denunciando as irregularidades e apresentando uma proposta de devolver a Petrobras aos brasileiros. Queremos uma administração da Petrobras, das demais empresas públicas brasileiras, fora dessa lógica política perversa que o PT estabeleceu. Acho que o Brasil se cansou do que está aí. O PT vai perder as eleições. Essa é a minha convicção. O PT não tem mais condições de apresentar um projeto que signifique uma retomada de valores e do crescimento da economia brasileira e, por consequência, dos empregos. As duas alternativas que estão aí têm que ser analisadas em profundidade, o que cada uma representa.
Eu sou mudança e sou oposição a esse modelo a esse modelo desde sempre. É preciso que a candidata Marina não se incomode com as críticas que recebe, até porque vejo hoje ela reclamando muito do terrorismo que o PT vem fazendo, dizendo que ela vai acabar com o Bolsa Família, porque vai acabar com os benefícios se vencer as eleições. Eu quero dizer que esse terrorismo do PT existe desde sempre, desde que ela era parte do PT, parte importante do PT, desde que ela era Ministra de Estado, nós sofríamos com esse terrorismo do PT, com essa leviandade em véspera de eleição. Ela certamente conhece muito bem como o PT age, até porque por mais de 20 anos esteve ali, e sempre fomos oposição ao aparelhamento da máquina pública, oposição a esse baixo compromisso com valores, com a retidão, com a ética na vida da pública. Eu me lembro, um pouco mais atrás, a luta que tivemos para estabelecer o Plano Real, para aprová-la do Congresso, para aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal, avanços extraordinários na vida dos brasileiros. E as duas candidatas estavam do mesmo lado, contra o Plano Real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, e absolutamente omissas quando vieram os escândalos do Mensalão.
Acho que agora é a hora do eleitor avaliar com maior profundidade, com maior critério, o que cada candidatura representa, porque a mudança não se dará no dia da eleição, a mudança se iniciará de verdade a partir do primeiro dia do próximo ano, e temos as condições melhores que qualquer outra candidatura de fazer as mudanças que os brasileiros esperam.
Sobre doações de campanha.
A minha campanha recebe as doações conforme determina a lei. É o comitê financeiro que recebe exatamente como a lei determina, e não há nenhuma irregularidade nisso. Em relação à denúncia, vou dizer o seguinte: tenho uma postura diametralmente oposta àquela do PT. Se alguém, seja próximo a nós, filiado ou não, que de qualquer forma conviva conosco, cometeu irregularidade, tem que ser punido exemplarmente. Eu não transformarei, como fez o PT, eventuais culpados ligados a nós em heróis nacionais. Mas até agora não existe absolutamente nada, pelo menos que eu conheça, que aproxime sequer o PSDB dessas denúncias vergonhosas que, mais uma vez, se abatem sobre a nossa mais importante empresa pública. Não dá para dizer eternamente que não sabia. O governante tem o dever, sim, de saber o que acontece no seu entorno. E se não teve ali benefícios pecuniários, eu não acredito que a presidente tenha tido, ela teve o benefício político de uma base de sustentação formada, construída, forjada, a partir dos desvios de dinheiro público. Isso é muito grave, isso já deu, o Brasil está cansado disso. A nossa candidatura apresenta ao Brasil uma proposta nova, porque o que é novo de verdade nessa campanha é o que estamos propondo. Ninguém apresenta algo tão consistente de valores, de qualidade da gestão pública como apresentamos. E aqui em Goiás é mais um exemplo.
Sobre a candidata do PSB.
Eu acho que a Marina, por mais que tenha boas intenções – e todos temos boas intenções -, não consegue superar as suas enormes contradições. E acho que as pessoas estão começando a perceber. Qual é a Marina que vai disputar as eleições? É a que hoje defende a política econômica do PSDB e vai até além daquilo que eu próprio defendo, no que diz respeito, por exemplo, à autonomia do Banco Central, ou é a Marina que combateu o Plano Real? É a Marina que hoje abre os braços para o agronegócio ou é a Marina que em 1999 apresentou um projeto proibindo o cultivo de transgênicos no país? É a Marina que, dentro do PT, apoiava o corporativismo que impedia a melhoria da qualidade da gestão pública ou a Marina que propõe agora avaliação, remuneração variável para servidores públicos? É importante que as pessoas conheçam qual é a que está valendo.
As minhas propostas não mudam, as minhas convicções são as mesmas. Eu acredito na meritocracia, eu acredito no Estado para resultados, eu acredito na melhoria dos nossos indicadores sociais, através também da remuneração variável daqueles que atuam nessa área, tenho programas para superação da pobreza e não apenas para sua permanente administração, como tem o PT. Não há dúvida e cada dia isso vai ficar mais claro, que temos uma alternativa de mudança consistente.
Sobre segurança pública.
A omissão do governo federal na segurança pública é criminosa. Hoje, 87% do conjunto de investimentos em segurança pública no Brasil são feitos por Estados e municípios e apenas 13% pela União. Eu, como presidente da República, vou assumir pessoalmente o comando de uma política nacional de segurança pública, que passa pela proibição do contingenciamento, do represamento dos recursos pra área. No governo da presidente Dilma, apenas 20 e poucos por cento dos conjuntos dos investimentos dos fundos de segurança foram efetivamente gastos. Vamos ter uma política de fronteira e de controle da entrada de drogas diferente dessa que está aí, com a participação das forças armadas, com o fortalecimento da Polícia Federal, que neste ano está tendo o pior orçamento desde o ano de 2009.
E terei uma relação com esses países, ou com o governo dos países produtores de drogas, diferente dessa que propõe o atual governo. Só estabeleceremos negociações, parcerias e apoios a esses países quando eles começarem a atuar internamente dentro das suas fronteiras para coibir a produção de drogas. A Bolívia, por exemplo, produz hoje quatro vezes mais o número de folhas de coca do que consome internamente. E para onde vai? Vai exatamente para outros países. Vem ceifar vidas, matar gente aqui no Brasil. E em relação ao código penal, defendo uma revisão rápida do código e defendo uma proposta que fará com que os jovens acima de 16 anos que cometerem crimes hediondos, que forem reincidentes em crimes graves, possam responder com base no código penal. Temos que acabar com essa sensação de impunidade que permeia o Brasil inteiro. No meu governo haverá uma política nacional de segurança, que não existe hoje.
Sobre queixa-crime do Banco Central contra o economista Schwartsman.
É um absurdo e um enorme retrocesso. Alexandre Schwartsman é um dos economistas mais respeitados do Brasil e externa nominalmente quais são as críticas que faz ao governo. E, na verdade, as críticas são todas elas muito procedentes. É um governo que está na defensiva. O que a presidente da República fez recentemente é algo inimaginável e, diria, até perverso para com os comandantes da política econômica. Porque ministro da Fazenda, comandante da política econômica, você, como presidente da República, ou nomeia ou demite. Você não anuncia que vai demitir. Ela anunciou previamente e desautorizou o ministro da Fazenda e, por consequência, toda a equipe econômica de qualquer ação consistente. Isso afeta o mercado. Isso é um gesto de irresponsabilidade e de falta de coragem de dizer quais as razões.
Vi ontem a presidente dizendo que por opção pessoal, questão de foro íntimo, o ministro vai deixar o cargo. Então, fica aí uma pergunta no ar. Se amanhã o ministro superar os seus problemas pessoais, ele volta para o cargo? Apesar de o Brasil estar com a inflação saindo do controle e estar em processo de recessão? Quem sabe o ministro Guido possa superar seus problemas pessoais e se colocar à disposição da presidente? Cabe a ela responder: ele continua no governo? É o governo que acabou antes da hora. O PT vai perder as eleições e estamos preparados não apenas para vencer o PT, mais do que isso, para iniciar um novo ciclo de crescimento e desenvolvimento no Brasil.
Sobre pesquisas de intenção de voto.
Gostaria de estar em primeiro em todas. Nessa mesma época em Minas Gerais, há quatro anos, diziam que a eleição acabaria no primeiro turno. Engraçado que o meu candidato acabou vencendo as eleições com 63%. Acredito que vamos vencer as eleições em Minas. Acredito que vamos vencer no Brasil. A pesquisa que vai valer é a do dia 5. E vou trabalhar e lutar. Repito aqui, gostaria sempre de estar em primeiro lugar nas pesquisas. Mas eu não mudo as minhas posições e convicções em favor dessas variações. Houve uma mudança grave, enorme, no quadro eleitoral, a partir do falecimento do Eduardo. E temos que enfrentar essa mudança sendo coerente com o que fizemos lá atrás. Todo homem público é em grande parte aquilo que ele fez. Não só apenas aquilo que ele diz. E posso dizer que tenho uma proposta para o Brasil coerente, consistente e tenho absoluta convicção que, na hora certa, o Brasil vai escolher o que é melhor para todos os brasileiros.
Sobre o governador e candidato Marconi Perillo.
Eu tenho com o governador Marconi uma relação pessoal extraordinária. É um dos amigos mais próximos que tenho. Eu quero aqui agradecer de público, mais uma vez, pessoalmente, o engajamento e o apoio dele à nossa campanha. Tenho certeza que na hora certa Marconi vai ganhar pelo bem de Goiás e nós vamos ganhar pelo bem do Brasil.