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No Pará, áreas federais precisam de maior atenção

Idesp Adelina AndréaEspecialista afirma que o governo federal precisa assumir responsabilidades

O futuro é hoje. Este é o lema da equipe de pesquisadores de 14 renomadas instituições europeias e sul-americanas (de países como Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru), interessados em saber o que poderá acontecer com a Amazônia ao longo das próximas décadas. Eles integram o Amazalert, orçado em 4,7 milhões de euros e financiado conjuntamente pela Comunidade Europeia e organizações nacionais. Lançado em 2011, o programa acaba de realizar em Brasília a segunda Oficina de Cenários Participativos. O Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) participa do Amazalert por sua expertise nos temas relacionados à região. Na entrevista a seguir, a diretora de Pesquisas e Estudos Ambientais do instituto, Andréa Coelho, fala sobre a realidade regional e as ações necessárias para o futuro desejado à Amazônia Brasileira em 2050.

-Qual a metodologia de trabalho usada pelo Amazalert e que parceiros estão no projeto?

-O projeto Amazalert reúne especialistas de nove países, incluindo nações da Pan-Amazônia e examina como mudanças no clima e no uso da terra em níveis global e regional irão impactar as florestas da região, a agricultura, as águas e as pessoas, além de verificar de que forma esses impactos refletem no clima. A abordagem adotada para a construção de cenários de uso da terra no Amazalert consiste na utilização de métodos participativos, combinando elementos qualitativos e quantitativos. Esses cenários irão alimentar os modelos matemáticos de precipitação, temperatura, desmatamento, etc.

-O que tem pautado as discussões no fórum?

-A importância que a Amazônia possui no que se refere às mudanças climáticas e a necessidade de se promover o desenvolvimento da região pautado na sustentabilidade social e ambiental.

-De que forma o Pará se destaca neste cenário?

-Por estar na fronteira da expansão econômica, o Pará se destaca em função do seu grande potencial energético, madeireiro, mineral e agropecuário, por sua posição geográfica estratégica para a logística de transporte nacional, mas por possuir alguns dos piores indicadores sociais do país. Isso se explica pelo tratamento dado ao Estado no momento em que os programas de desenvolvimento para o país são elaborados. O Pará ainda é um mero provedor de matéria-prima para a dinamização e manutenção da indústria nacional. Além disso, o Estado do Pará possui cerca de 67% do seu território federalizado na forma de glebas militares, unidades de conservação, terras indígenas e assentamento da reforma agrária, sem que o governo federal assuma efetivamente a responsabilidade por estas áreas, o que se traduz em altas taxas de desmatamento, conflitos fundiários, baixa qualidade de vida no campo, dinâmica esta injustamente imputada ao Estado do Pará.

-Quais os principais entraves para o aumento do desenvolvimento social local?

-O maior deles é o fato de não haver uma política para o desenvolvimento da Amazônia. Quando os tomadores de decisão incluem a região em algum projeto de desenvolvimento, ela é vista apenas como provedora de recursos como energia, minérios, madeira, e agora como locus estratégico para a infraestrutura que deverá suprir a necessidade do país de escoar a produção de grãos a um custo menor para os principais mercados consumidores.

-Como você avalia a descontinuidade dos programas e das políticas voltados para a Amazônia?

-A região ainda enfrenta uma visão que a homogeneíza, isso impede que sua diversidade social, cultural e ambiental seja considerada no momento em que ela é incluída em projetos e políticas de desenvolvimento. A falta de regularização fundiária efetiva e de implementação da maioria das unidades de conservação, aliada à especulação imobiliária de terras, que vem acompanhada da grilagem e violência no campo; sem falar na desarticulação dos governos que compõem a Amazônia Legal e no grande número de áreas federais nos Estados, leva a maioria dos projetos ao fracasso. As instituições responsáveis são frágeis para efetivar a governança desses projetos na região, a exemplo do Ibama, ICMBio, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Incra; Funai, etc.

Fonte: O Liberal (http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/default.asp?modulo=250&codigo=691469)

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