Em matéria sobre o derrocamento do Pedral do Lourenço em 20 de março/2014, citamos que alguns parlamentares e filhotes de parlamentares estavam se apropriando de bandeira que jamais defenderam, como o japiim, ave conhecida por não construir o próprio ninho e colocar os ovos em ninho alheio.
O senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA) é há anos um incansável batalhador pela construção da hidrovia Araguaia-Tocantins, que se arrasta há quase 30 anos, tendo em 2011 exercido forte pressão sobre a então Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para que o governo federal reinserisse no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a construção da hidrovia e foi “inaugurada” pelo ex-presidente Lula em 2010.
Desde então, o Senador Flexa Ribeiro tem alertado que a obra é fundamental para que o Tocantins seja navegável durante todo o ano. De acordo com o Senador, sem o derrocamento do Pedral, grande parte dos investimentos em infraestrutura no Pará não se concretizam.
Flexa explica o Pedral: “O Pedral de Lourenço é, na realidade, 43 quilômetros de pedras que precisam ser derrocadas, para que o rio possa se tornar navegável. É um trecho perto da cidade de Itupiranga. Com isso, nós vamos todos festejar já que o rio Tocantins vai estar navegável a qualquer época do ano, e não, como seria com o Pedral do Lourenço não derrocado, apenas navegável por oito meses do ano.
Ora, a importância da hidrovia do Tocantins é sem sombra de dúvida enorme para o Estado do Pará, porque, com a derrocada, nós vamos abrir uma via navegável de Marabá até Belém. Por essa via navegável, vão passar os produtos produzidos em Marabá e também permite a instalação da Alpa, Aços Laminados do Pará, então, com as obras da Alpa, teremos um grande desenvolvimento para aquela região do meu Estado e podemos gerar em torno de 20 mil empregos.”
Em março de 2014, juntamente com o oportunismo eleitoral, a Presidente Dilma Roussef vem ao Pará e, em seu discurso dividindo o palanque em Marabá com a família Barbalho (Jader e Helder), lançou o Edital do Pedral do Lourenço, onde oportunamente o Senador Jader Barbalho tentou se apropriar indevidamente desta luta, como se tivesse alguma coisa a ver com a vinda da presidente.
No discurso em Marabá, num palanque recheado de japiins, Dilma disse o seguinte:
“Eu quero dizer para vocês que eu estou muito feliz de ter aqui duas pautas. Uma pauta que é a hidrovia do Tocantins, essa hidrovia Araguaia-Tocantins, e também toda a pauta da entrega de máquinas aos prefeitos, do kit de máquinas aos prefeitos.
Vou começar falando da hidrovia. Essa hidrovia é uma coisa muito importante para o Brasil, porque além dela ser muito importante aqui, ela é um símbolo do que podem ser hidrovias no nosso país…. Nós hoje, estamos tratando do pedaço dessa hidrovia que é estratégico para ela ser viável, que é a questão do Pedral do Lourenço. Um pedral de 43 km, não é um pedral trivial. Por isso, muitos estudos foram feitos, foram feitos por vários, várias instituições, de universidades, passando por empresas. Foi feito agora também um estudo pela Marinha. O governo federal tem perfeita clareza da importância das hidrovias para nós termos várias vantagens com ela…. Daí porque hoje é um momento histórico, porque nós estamos fazendo o primeiro movimento, o primeiro grande movimento, para viabilizar uma das mais importantes hidrovias do país…. E eu tenho certeza que hoje nós estamos num momento histórico para o Brasil e aqui para o Pará.”
Depois de muitos devaneios, citando todos os feitos de seu governo, delirando sobre educação, saúde e as maravilhas que o PT e seus parceiros do PMDB vem fazendo pelo Pará, fechou seu discurso com esta pérola:
“Eu não posso falar do Pedral e achar que o Pedral é só pedra. Não é só pedra. O Pedral é a forma pela qual a gente liga tudo isso. Liga educação, liga com saúde, liga com desenvolvimento, liga com melhor emprego, liga com mais produção de grãos. Enfim, o Pedral faz parte de um processo que é transformar esse Brasil num país cada vez maior.”
E aí lançou oficialmente o Edital para a derrocada do Pedral do Lourenço! Será?
Muito bem, devidamente capitalizado pela turma do japiim, o Edital do Pedral seria lançado, com Barbalhos, Salame, Carepas de plantão, todos felizes por se apropriarem do que não lhes pertencia, sendo que dignamente em seus cantos estavam os lutadores de fato, nossos parlamentares (Flexa e Mario Couto), governador (Jatene), vice-governador (Helenilson Pontes), que ouviam a ladainha, mas pensavam na importância do ato para o Pará, independente do da apropriação indevida do mérito do mesmo.
Porém em julho, numa nota de 5 parágrafos o Diário Online solta sua manchete: “Anulado edital do Pedral do Lourenço”, com o seguinte complemento:
“Agora é oficial: o governo federal anulou o edital de licitação para o derrocamento do Pedral do Lourenço. A decisão está devidamente publicada no Diário Oficial da União de terça-feira (17).”
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“No despacho de anulação, Jorge Fraxe não explica exatamente qual o motivo da anulação, mas cita que a decisão foi tomada considerando a suspensão do processo, por ordem da Justiça Federal, em razão de uma das empresas participantes terem recorrido durante o processo licitatório.”
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“A licitação, anunciada pela presidente Dilma Rousseff, aqui em Marabá, no dia 20 de fevereiro, e publicada no dia 21 de março, previa a contratação integrada de empresa para a elaboração dos Projetos Básico e Executivo, Ações Ambientais bem como a Execução das Obras de Derrocamento para a Implantação do Canal de Navegação na região do Pedral do Lourenço, da Hidrovia do Tocantins. A anulação joga vários baldes de água fria nas pretensões do chamado setor produtivo da região sul e sudeste do Pará e também do Mato-Grosso, assim como de trabalhadores desempregados que viam nas obras do derrocamento uma oportunidade de trabalhar e ganhar dinheiro.”
Chiiiii, a coisa pegou para os japiins que nem mais citaram sua pseudo luta para o derrocamento do Pedral!
Mario Couto disse que Dilma fez paraenses de bobo no lançamento do edital do Pedral do Lourenço, cancelado após quatro meses.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), estima que o país teria uma economia anual de R$ 650 milhões em logística, se a hidrovia estivesse operando. A indiferença com que o transporte fluvial tem sido tratado aparece nas contas oficiais do governo. Em 2012, quando foi criado o Programa Transporte Hidroviário, foi autorizado um orçamento de R$ 619 milhões para o setor, mas apenas 2,9% desse valor foi efetivamente usado, apontam os dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
No ano passado, o orçamento foi reduzido para R$ 311 milhões, com execução de 31%. Neste ano, a cifra autorizada é ainda menor, de R$ 262 milhões. Até julho, somente 9% desse montante havia sido utilizado. “Os números demonstram que hoje a hidrovia é um modal de transporte praticamente abandonado”, diz Carlos Campos, coordenador de infraestrutura do Ipea. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
E agora, vamos novamente, notícias de hoje, fresquinha para vocês:
Governo dá primeiro passo para melhorar hidrovia no PA
11/08/2014 por Valor Online
Depois do cancelamento em junho, o governo federal se prepara para lançar neste mês o novo edital de retirada do chamado Pedral do Lourenço para garantir a navegabilidade do Rio Tocantins (PA) – entre os municípios de Marabá e Tucuruí – durante todos os meses do ano.
Será que a presidente virá para o relançamento do edital do Pedral do Lourenço, com os japiins pousando em seu palanque?
Quantos editais serão necessários até as eleições?
Mistérios do Planalto!