Embora nenhum instituto de pesquisa – o que é estranho – tenha, nos últimos tempos, ouvido os brasileiros sobre os motivos pelos quais quase ninguém foi às ruas pedir a renúncia ou o impeachment do presidente Temer, nos últimos dias a organização Avaaz, no Brasil, que faz abaixo-assinados pela Internet, divulgou que enquanto 1 milhão e 850 mil pessoas assinaram o abaixo-assinado do impeachment de Dilma até agora somente 435 mil fizeram o mesmo em relação a Temer.
Desta forma, embora tenha seu governo considerado bom e ótimo por apenas 5% da população e enfrentar denúncias de corrupção, ninguém, a não ser os militantes petistas – e nem todos – se dispõe a encampar o “fora Temer”.
O que explicaria tudo isso, embora se saiba que o presidente não está livre da justiça, podendo vir a responder diante dela como os simples mortais a partir de 1 de janeiro de 2019 ?
A impressão de quem, por si só, procura saber das pessoas normais – sem paixões partidárias – porque pouca gente se importou ou torceu para que a Comissão de Justiça autorizasse a abertura de inquérito contra o presidente, é de que há um enorme temor no país sobre o que virá depois de Temer.
Com isso, o presidente vai sobrevivendo e, não é de admirar que, nesse clima, o plenário da Câmara não venha a autorizar a investigação e a saída imediata do atual mandatário nesta semana que se inicia. Até porque político só costuma se mexer de verdade quando vê o povo nas ruas, como falava Ulisses Guimarães.
Em quem vamos votar em 2018? Essa é a pergunta recorrente hoje em qualquer roda de conversa, quer se trate de uma discussão entre pessoas da elite, quer o papo tenha como pano de fundo algum fundo de quintal.
É como se as pessoas já tivessem absorvido o fato, ou a sina, de ter Temer no Planalto, um presidente que, bem ou mal, vem segurando a economia, cada dia injetada de uma nova esperança de recuperação, e estivessem se lixando para o que acontece em Brasília.
Ou que guardassem um grande medo de um jogo ainda mais no escuro, caso o presidente saia sem que se tenha absoluta certeza que um seu sucessor escolhido indiretamente vá, pelo menos, manter as coisas como estão.
Afinal, se já é estranho para as pessoas o próprio presidente, eleito na sombra de Dilma, imagine o presidente da Câmara Rodrigo Maia que, este sim, o homem comum não sabe quem é.
Houvesse alguém de peso disposto a disputar e em condições de vencer a eleição indireta, pode até ser que algum movimento surgisse em torno da substituição de Temer. Se não há melhor que as coisas continuem como estão. Por isso, assim como a defesa de Temer está cada vez mais restrita a uma base cada vez menos aliada a condenação clara fica restrita a vozes isoladas ou aos apaixonados pelo PT.
Ou as pessoas cansaram de protestar e agora esperam que a coisa se resolva por si só, ou, em sua maioria, preferem deixar que o Congresso, mesmo capenga, e a Justiça nos levem a algum lugar. Se esse lugar perigar ameaçar a recuperação econômica quem sabe aja alguma reação. Se não ameaçar, melhor deixar como está e mirar 2018 quando virão as urnas e, aí sim, vai ser possível discutir e votar em uma proposta concreta.
Não é pra menos. Afinal, depois de uma presidente deposta, um ex-presidente -verdadeiro mito – condenado a nove anos e meio de reclusão, um presidente à beira do colapso político e grandes líderes do Congresso com um receio enorme da prisão, a população parece mesmo convencida de que, na falta de uma melhor expectativa, se é ruim com Temer pode ser pior sem ele.
*Terezinha Nunes é deputada estadual e presidente do PSDB Mulher de Pernambuco