Governo derrubou confiabilidade dos Correios
Serra promete devolver a empresa para a sociedade
Serra promete devolver a empresa para a sociedade
Brasília (30) – Considerada símbolo de confiança no governo do PSDB, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, enfrenta um momento nebuloso com o fisiologismo partidário adotado para a escolha dos seus dirigentes. A crítica é do deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), que condena a falta de critério técnico para nomear a cúpula da empresa.
Alvo de escândalo nos últimos oito anos, os Correios, segundo o deputado, serviram como cabide de empregos para acomodar aliados e apadrinhados políticos de partidos da base de apoio ao PT. “O vício está estabelecido. As nomeações para os cargos de diretores são baseadas em critérios eleitorais, não técnicos”, afirma Pannunzio.
Diante deste quadro que derrubou toda a confiança que o povo brasileiro tinha na empresa, o candidato do PSDB à presidência, José Serra, já avisou que vai devolvê-la integralmente à sociedade. Durante entrevista ao Jornal da Globo, da TV Globo, nesta terça-feira, ele lembrou que o governo petista inovou em privatização. “ PT fez outro tipo de privatização. Sabe qual é? De entregar, por exemplo, os Correios, que era uma empresa eficiente, para grupos políticos que ficam lá montando negócios. É um escândalo atrás do outro. Ou seja, usam o correio para fins privados. Eu, no governo, vou usar o correio para fins públicos”, destacou.
Com receio dos efeitos do fisiologismo partidário que tomou conta da estatal nos seus dois mandatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu em julho a cúpula da companhia. A medida foi considerada um passo importante no sentido de combater o loteamento da estatal. Porém, pouco tempo depois, veio o retrocesso e voltou a valer a indicação política.
Como noticiou o Estado de S. Paulo, em sua edição desta segunda-feira, o novo diretor de operações, Eduardo Rodrigues da Silva, conhecido como coronel Artur, foi indicado pelo compadre do atual presidente brasileiro, o advogado Roberto Teixeira. Coincidência ou não, o coronel Artur já assume com suspeita de irregularidade.
Ele presidia uma empresa de transporte de mala postal, a Master Top Linhas Aéreas (MTA). Após vinte dias da nomeação, em dois de agosto, a empresa arrematou o contrato de uma das principais linhas dos Correios, a Linha 12 (responsável por 13% do valor da malha da estatal), que opera Manaus-Brasília-São Paulo. Com lance de R$ 44,9 milhões, a MTA venceu a licitação. Ao assumir a diretoria, o coronel passou o comando da MTA à sua filha Tatiana Silva Blanco.
Resultado desse fisiologismo, os Correios enfrentam crise no atraso de entrega de correspondência. Segundo a Folha de S. Paulo, a empresa não consegue entregar Sedex de um dia para o outro em 285 percursos (35% do total) ligando capitais de todas as regiões do Brasil.
Nem mesmo o concurso que prevê a contratação de 6.565 profissionais saiu do papel. Com o edital na rua desde 2009, a seleção recebeu inscrição de mais de 1 milhão de pessoas, que aguardam para fazer a prova. Após adiamentos, o exame foi remarcado para o dia 21 de novembro. Para Pannunzio, o descaso do PT compromete marcas tradicionais dos Correios, como a confiabilidade e a agilidade registradas em pesquisas de opinião.