Infraestrutura brasileira é um vexame, afirma Arnaldo Madeira

Investimentos em aeroportos ficaram em R$ 178 mi quando previsão era de R$ 1,6 bi

Acompanhe - 19/11/2010

Investimentos em aeroportos ficaram em R$ 178 mi quando previsão era de R$ 1,6 bi

Brasília (19) – Com escasso investimento, a infraestrutura no Brasil já representa um “vexame nacional”, com aeroportos e estradas em condições precárias, afirmou o deputado Arnaldo Madeira (SP), ao comentar as críticas da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), principal representante mundial das companhias, sobre a situação do setor aéreo.

Para o deputado, faltam recursos e incentivos à infraestrutura como um todo. “A infraestrutura brasileira é completamente precária. De uma forma ou de outra, os aeroportos, os portos e as estradas mostram a situação precária da infraestrutura, com estradas representando risco à vida e aeroportos saturados”, disse Madeira.

As críticas às deficiências do setor aéreo brasileiro estiveram na pauta do Fórum da Associação de Transporte Aéreo da América Latina e do Caribe, no Panamá, realizado nessa quinta-feira. Falando em “vergonha nacional”, o presidente da associação mundial das companhias aéreas, Giovanni Bisignani, afirmou também que a infraestrutura no Brasil “é um desastre”.

Para Bisignani, 13 dos 20 principais aeroportos não têm capacidade para acomodar a crescente demanda. A preocupação aumenta se levar em consideração a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro – quando haverá aumento da demanda.

Madeira pontuou que as críticas da associação já são realidade enfrentada pelo usuário do transporte aéreo no Brasil. “Os aeroportos brasileiros são um vexame. Nós estamos num caos aéreo por conta da obsolescência dos aeroportos e da falta da condição de atender a demanda”, lamentou o deputado, cético em relação a mudanças.

Dados do Ministério do Planejamento mostram que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) só desembolsou 11% dos recursos autorizados no orçamento de 2010. De acordo com o levantamento, do total de R$ 1,6 bilhão previsto até dezembro, apenas R$ 178 milhões foram investidos no primeiro semestre.

Além da falta de investimento, as promessas do governo para melhorar a malha aérea não decolaram. Os estudos de viabilidade para a construção do terceiro aeroporto de São Paulo, a construção do terceiro terminal de Guarulhos, em Campinas, e as parcerias público-privadas são outras propostas que não saíram do papel.

Madeira disse que a demanda cresceu, mas o governo não investiu nos aeroportos. “A coisa parou. O governo gasta mal e tem preconceito ideológico em relação às parcerias público-privadas. A demanda aumentou nos últimos anos, mas tivemos a paralisação dos investimentos, que não acompanharam o ritmo da procura pelo serviço”, condenou.

ESTRADAS EM RISCO

Arnaldo Madeira destacou que as estradas federais do Brasil também sofrem com a falta de investimento, e representam um risco à população. Recente estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), com base em dados de 2009, revelou que 70% das estradas federais estão em estado regular, ruim ou péssimo.

Se a situação nacional é precária, em São Paulo, estado administrado pelo PSDB, a realidade é outra. A Confederação dos Transportes apontou que as 17 melhores estradas do Brasil estão em São Paulo e 75,4% da malha viária do estado é considerada ótima ou boa. Fora isso, o estado tem o melhor índice em relação à pavimentação.

“As estradas federais são outro exemplo da precária infraestrutura. Para reverter a situação, é preciso trabalhar com seriedade, como fez o governo paulista”, concluiu Madeira.

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19/11/2010