Manifesto em defesa da liberdade de imprensa é lançado em SP

Uma democracia não admite limites, diz Fruet

Acompanhe - 22/09/2010

Uma democracia não admite limites ao trabalho da mídia, diz Fruet

Brasília (22) – Numa contraofensiva às investidas diárias de petistas contra a mídia, que denunciou um esquema de distribuição de propina e tráfico de influência instalado na Casa Civil, juristas, intelectuais e personalidades lançaram nesta quarta-feira um manifesto apartidário em defesa da democracia e da liberdade de imprensa, em São Paulo.

Para o líder da minoria na Câmara, deputado Gustavo Fruet (PR), o ato revela que a sociedade acendeu o sinal de alerta. “Um movimento sem vinculação partidária demonstra que os princípios democráticos foram colocados em risco. Pessoas que já passaram por um regime totalitário percebem que as críticas à mídia atenta contra a democracia. Foi acionado o sinal de alerta.”

O manifesto já conta com a adesão de 380 pessoas, como o jurista Hélio Bicudo, o Cardeal Arcebispo Emérito de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os atores Mauro Mendonça e Carlos Vereza e o poeta Ferreira Gullar.

Hélio Bicudo, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, leu o manifesto. “Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo”, diz o documento. “É constrangedor que o presidente da não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas 24 horas do dia”, acrescenta.

O documento critica ainda a ação de grupos liderados por petistas contra a imprensa. “É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa”, afirma. Nesta quinta-feira, também em São Paulo, sob o comando de petistas, centrais sindicais e movimentos sociais se reunirão na sede do Sindicato dos Jornalistas em oposição ao trabalho livre e isento da mídia.

Fruet (PR) condena o ato. “Uma democracia não admite limites ao trabalho da mídia. A imprensa é um espaço de reflexão, que deve levantar problemas e apontar as irregularidades, assim como fez no escândalo da Casa Civil”, afirma. “O presidente se comporta como militante e desrespeita um importante instrumento da democracia: a liberdade de expressão.”

O jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Eugênio Bucci, discorda das investidas contra a mídia. Ao participar do programa “Entre Aspas”, da GloboNews,  nesta quinta-feira, Bucci afirmou que o presidente não é o juiz da imprensa. “Ele (Lula) não pode generalizar uma crítica à imprensa, dizer que a imprensa é partido de oposição. A imprensa é uma diversidade de veículos, que reflete as opiniões da sociedade”, afirma.

Bucci, que é filiado ao PT, dirigiu a Radiobrás (Empresa Brasileira de Comunicação S.A) de 2003 a 2007, mas nem por isso defende os ataques. “Não é verdade que a liberdade só existe para dizer coisa certa, para dizer coisas das quais uma pessoa é partidária. A liberdade existe para que as pessoas expressem suas diferenças.”

Temas relacionados:

X
22/09/2010