Leite defende que PSDB promova um realinhamento programático para se reconectar com a população

Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S. Paulo neste fim de semana, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, reconheceu que as últimas eleições não foram boas para o PSDB, que viu sua bancada reduzir no Congresso Nacional, Assembleias e acabou perdendo também alguns governos estaduais.
“O eleitor se deparou com, de um lado, ex-presidentes e o PT envolvidos em escândalos de corrupção e, de outro lado, o candidato que estava no segundo turno e era a alternativa [em 2014] também envolvido em denúncias muito graves. Isso abalou a confiança no próprio partido”, pontuou.
Para Leite, governador mais jovem da história do Estado, o PSDB deve manter sua posição social-democrata e “não se deixar levar ao sabor dos ventos”. Além disso, defendeu um debate interno sobre ética e temas comportamentais como aborto, armamento e casamento gay. O governador afirma também que o partido precisa aprimorar sua prática interna.
“Vamos ter que atualizar a própria governança do PSDB, dando mais participação das bases na condução dos destinos do partido. Isso é uma forma de se aproximar da população, que quer enxergar uma alternativa a tudo que viu de errado na política nacional”.
Eduardo Leite ressaltou que, além da promoção de um realinhamento programático, o partido deve punir e afastar envolvidos em corrupção, se quiser se reconectar com a população.
“[O PSDB precisa] dar resposta clara em relação a desvios de comportamento de seus membros, especialmente de sua liderança. O partido não pode jogar esses problemas para debaixo do tapete, ou fingir que não é com ele. Tem que chamar essa discussão internamente, dar respostas claras em relação a isso”, defendeu ao pedir que a legenda “faça autocrítica, puna, expulse quem tiver que ser expulso, mas que tenha processos fortes de debate sobre conduta ética”.
Ex-prefeito e ex-vereador de Pelotas, terceira maior cidade do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), tem 33 anos e foi eleito governador com 53% dos votos válidos em um segundo turno contra o ex-governador José Ivo Sartori (MDB). É filiado ao atual partido desde os 16 anos.
Reportagem Shirley Loiola com informações do jornal Folha de S. Paulo