Serra vai defender a indústria da concorrência desleal
Em reunião com representantes da indústria de base na Abimaq, Serra assegura que vai defender o setor da concorrência desleal
Segundo ele, hoje o governo faz uma defesa frágil da indústria nacional
A concorrência desleal dos produtos importados e a falta de fiscalização das importações foram alvos de críticas de José Serra, durante palestra realizada para representantes da indústria de base na sede da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nesta quinta-feira.
Serra vai proteger a indústria nacional e repudiou a frágil defesa comercial feita pelo governo. “Muitas vezes, os chineses mandam sapatos para cá na base de dois pares por caixa, mas entram como se fosse um”, explicou ele. “Recebem o pagamento por fora e o sapato adicional não paga imposto. O sapato produzido aqui, paga”, afirmou ele.
Serra lembrou que enfrentou interesses poderosos ao fortalecer a indústria farmacêutica nacional, quando resolveu implantar os medicamentos genéricos no Brasil, “que ficaram mais baratos para a população mais pobre. Mas agora, como não se tem política de defesa comercial e demora de três a quatro vezes mais tempo para autorizar a fabricação de um genérico, o setor está em dificuldades de novo”, observou.
O candidato do PSDB à Presidência da República explicou que, à frente do governo do estado de São Paulo, fez uma grande encomenda de trens a uma empresa espanhola, que ganhou a concorrência pública, “mas a empresa teve que montar sua fábrica no interior do estado, para o dinheiro e os empregos ficarem aqui”.
Ele disse que é preciso mudar a atual política econômica, baseada em “um tripé de distorções”, com juros muito altos, pesada carga tributária e crescentes gastos governamentais. “Essa é a tarefa do novo governo: livrar o Brasil da maior carga de impostos do mundo em desenvolvimento, o menor investimento governamental entre as economias mais desenvolvidas e a maior taxa de juros real do mundo. Temos que ganhar a Copa do Mundo, e não o campeonato mundial de juros mais altos, investimentos mais baixos e impostos mais elevados”, afirmou.
Segundo o candidato da coligação “O Brasil Pode Mais”, esses fatores, aliados ao câmbio flutuante que “só flutua para baixo”, prejudicam a indústria, principalmente a longo e médio prazos. Por isso, sua proposta para corrigir esse “tripé de distorções” é uma política econômica “mais harmônica, gerida por uma equipe econômica entrosada, homogênea e integrada”.
Presidentes de associações das indústrias de base e de máquinas e equipamentos entregaram a Serra um documento com reclamações e propostas para o desenvolvimento do setor. “O setor de máquinas e equipamentos é muito eficiente, mas tem que ser apoiado por causa da concorrência desleal de produtos importados. Isto é fundamental para termos mais empregos com bons salários”.
Caminhada em Bauru
No início da noite, durante a caminhada em Bauru, José Serra fez um discurso dirigindo-se aos prefeitos da região. Disse que em vez de pedir votos, pediria que os prefeitos mostrassem para a população de suas cidades o que foi feito pelo PSDB em São Paulo. O presidenciável tucano também falou de um dos temas mais constantes em sua propaganda eleitoral, a Saúde. Criticou o governo federal, dizendo que há poucos recursos para o setor. “O governo federal tirou o time. Quem está fazendo mais para a Saúde são os estados e municípios”.