Transposição: da festa ao abandono
Ex. Dep. Estadual – Terezinha Nunes, jornalista pernambucana “antenada” e sempre alerta na trincheira tucana, revela como estão as obras para a Transposição do Rio São Francisco, tema muitas vezes contemplado com as costumeiras bravatas do ex. presidente Lula.
(Opinião/Especial para o Blog de Jamildo)
POSTADO ÀS 20:06 EM 15 DE Abril DE 2011
(Por Terezinha Nunes)
No dia 15 de outubro de 2010 o Brasil inteiro viu a festa-acampamento que o presidente Lula, acompanhado da então ministra e já candidata Dilma Rousseff, de governadores, ministros, 150 funcionários federais e 26 jornalistas, entre eles correspondentes no Brasil do The Economist, Der Spiegel, Le Monde e BBC, patrocinou no distrito de Porto da Barra, no município pernambucano de Sertânia, em comemoração às obras da Transposição do Rio São Francisco.
Não era para menos. Enquanto a comitiva se refestelava, saboreando, durante o jantar , camarão, filé, salada, risoto de parmesão e purê de alho poró e assistindo a um show do compositor Maciel Melo, 2.700 operários e centenas de máquinas se movimentavam dia e noite nos dois canteiros de obras de Sertânia: o canteiro 12 – próximo à sede do município – e o 11, em Porto da Barra, onde o Planalto montou o acampamento para o presidente e comitiva.
Neste momento, 17 meses depois que o Brasil conheceu a “Coluna Lula”, uma corruptela da “ Coluna Prestes”, com batizaram alguns órgãos de imprensa, pois o presidente andou com seu séquito por vários estados vendo as obras da transposição, a situação é exatamente oposta.
A festa deu lugar à desolação. Nos dois canteiros de Sertânia, onde o presidente, como está registrado nos jornais da época, pousou para fotografias ao lado de operários e de ministros como Gedel Vieira Lima, não há viv’alma para testemunhar o que aconteceu. Os 2.700 operários foram demitidos, as máquinas desapareceram e, nos dois locais, apenas 20 vigilantes restaram empregados e lá se encontram para evitar depredação.
Em outros canteiros da transposição em Pernambuco e em outros estados do Nordeste, o panorama é o mesmo mas Sertânia virou símbolo da obra pois o presidente, além da festa que promoveu o município a notícia nacional, prometeu, em pronunciamento, inaugurar os dois trechos citados antes de deixar o Governo.
As pessoas que investiram em restaurantes, pousadas, ou construíram casas para alugar aos trabalhadores da obra, vivem reclamando do prejuízo e esperando alguma notícia sobre a continuidade do trabalho. Toda dia um boato se espalha sobre uma nova data, mas logo depois é desfeito.
A desmontagem total dos dois acampamentos começou há dois meses e os operários já tomaram outro rumo. Depois de recebida a indenização das construtoras, viajaram em busca de outras oportunidades, deixando atrás de si a seca que já castiga o solo árido do município sertanejo e a esperança em dias melhores.
Ninguém mais quer apostar na obra. Até porque, depois de eleita, a presidente Dilma, esqueceu a visita de pré-campanha, e só prometeu concluir a Transnordestina, outra obra iniciada por Lula no sertão. Dilma não deu um pio sobre a Transposição.
Embora o canteiro da Transnordestina que existe em Sertânia também esteja com as obras paralisadas as pessoas nas ruas apostam que a presidente vai dar um jeito de retomar os trabalhos mas a Transposição é um enigma.
A Assembléia Legislativa de Pernambuco criou uma comissão de deputados para tentar conseguir a retomada das obras mas até o momento nada de concreto se conseguiu, além de prom.essas
(PorTerezinha Nunes – Blog do Jamildo)