Como diz o ditado, a propaganda é a alma do negócio. O ato de divulgar ou propagar um conteúdo requer estudo, dedicação e muito trabalho de uma equipe que conta com profissionais de vários setores, como o da publicidade, do marketing e jurídico. O que muda é a estratégia, de acordo com o produto da vez. Além de um texto atraente, é preciso estar atento ao desing, às cores e imagem, que pode ser representada por objeto, paisagem ou pessoas.
Levando em consideração estes aspectos do setor publicitário, o Governo Aécio apresenta como projeto de lei a presença efetiva de afrodescentes no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária). A proposta é que a participação dos negros seja de 50% nas propagandas e campanhas. Tal ação já existe no estado do Acre, especificamente na capital Rio Branco, aonde toda peça publicitária que precise expor o ser humano deve optar por modelos negros.
A Lei Municipal nº 2.073 agradou ativistas e autoridades ligadas à luta racial da região, que assim como o Tucanafro, apóiam a proposta para o próximo governo do PSDB. Infelizmente essa temática só ganhou evidência agora, após longos anos de preconceito sofrido pelos profissionais da área publicitária, sobretudo os modelos, que por meio de seus rostos, vendem e promovem algum produto.
Segundo a modelo Bárbara Carmo (22), a aceitação do público e dos clientes já melhorou, mas ainda existem dificuldades. “Devido às políticas contra o preconceito e, até mesmo, a promoção das cotas para os negros, o mercado passou a ser um pouco mais promissor, mas a verdade é que muitas empresas ainda olham a cor”, relatou.
Embora a realidade seja rude, Carmo admite que nunca sofreu com o racismo diretamente no trabalho e, que ela saiba, nenhuma campanha foi cancelada pelo fato de ser negra. “Se algum dia alguém fez algo comigo com essa intenção não percebi e logo não fui lesada”, argumentou. Porém, o que felizmente não aconteceu com ela, é freqüente no meio em que circula.
Para exemplificar, a modelo comenta sobre a forma que a mídia expõe o negro, não só em campanha publicitária, mas na própria televisão e cinema. Ela destaca o fato de que a maioria dos atores escalados para interpretarem pobres, empregados domésticos, bandidos e outros são afrodescendentes.
Segundo Juvenal Araújo, Presidente do Tucanafro Brasil, a mudança nas propagandas é necessária para que as pessoas se acostumem a ver negros na mídia. “Hoje, é raro vermos negros sendo representados na mídia com personagens de pessoas bem sucedidas. Tendo este percentual garantido na publicidade, é uma forma de valorizar boa parte de nossa população, que ainda sofre por conta da desigualdade racial. Essa proposta do Aécio, então, é muito válida,” afirma.