“Planejamento no Brasil se tornou uma palavra esquecida em uma gaveta burocrática”

Acompanhe - 26/06/2015

antonio anastasia foto Agencia SenadoO senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) voltou à tribuna do Senado Federal nesta sexta-feira (26/06) para apontar a falta de planejamento e gestão do Governo Federal, fato que vem prejudicando o desenvolvimento do país.

Para o senador mineiro, as notícias veiculadas diariamente pelos meios de comunicação apontam cada dia uma má notícia. E a falta de planejamento prejudica ainda mais o quadro.

“A cada dia, uma estatística pior do que a outra, ora o desemprego, ora a recessão, ora o PIB negativo, ora a inflação, ora a desesperança das pessoas. E lamentavelmente nós não notamos uma resposta efetiva por parte do Governo Federal para enfrentar esse verdadeiro tsunami de más notícias pela ausência absoluta daquilo que seria o primeiro passo fundamental para o combate a esse quadro, qual seja, um processo vigoroso de planejamento”, afirmou.

Anastasia lembrou os ‘anos dourados’ do presidente Juscelino Kubitschek, dizendo que eles só foram possíveis por causa do empreendedorismo e do planejamento que envolveu aquela gestão, ainda hoje presente no imaginário popular pelos resultados que alcançou. Ainda segundo o senador, as nações mais desenvolvidas só chegaram também a esse patamar porque deram valor e se esforçaram em prol do planejamento.

“Tenho muito apreço pelo instituto do planejamento, especialmente no setor público. Não um planejamento soviético, compulsório, também já ultrapassado; mas um planejamento que possa integrar o setor público ao setor produtivo, com metas, objetivos, de maneira racional. Juscelino Kubitschek, nosso grande conterrâneo de Minas, foi um presidente que ficou no ideário, na cultura e no imaginário de todos os brasileiros, não só pelo seu amor à democracia, mas sobretudo pelo grande empreendedorismo que envolveu o Brasil todo ao seu tempo”, discursou o senador.

Ele lamentou que, apesar de todos os benefícios do planejamento, o Brasil nos últimos anos tenha prescindido dessa figura. “Lamentavelmente o planejamento hoje no Brasil se tornou uma palavra simplesmente esquecida em uma gaveta burocrática. Se nós perguntarmos onde estão os planos nacionais de desenvolvimento, o plano plurianual, tudo isso se transformou em peça burocrática, em uma peça sem nenhum valor e sem nenhum respaldo na sociedade”, lamentou.

Para Anastasia, a educação e infraestrutura devem estar na linha de frente das ações de planejamento, para que em médio e longo prazos o Brasil possa alcançar a qualidade de vida das nações mais desenvolvidas.

“Se vislumbrarmos o que aconteceu recentemente na Coréia do Sul, em Singapura, na Finlândia, para observarmos nações mais distantes, ou no Chile, mais aqui próximo, vamos ver que o empenho de fato na educação foi o fator propulsor de um planejamento integrado e orgânico que permitiu um grau de desenvolvimento muito maior dessas nações. Esse é o nosso futuro. O conhecimento, o investimento na educação, com base no planejamento. Mas, para isso, nós precisamos, fundamentalmente, em primeiro lugar, termos uma política vigorosa a favor de uma infraestrutura”, afirmou.

Apesar do cenário nebuloso, Anastasia se diz com esperanças. Segundo ele, mesmo com o quadro adverso, o Senado Federal poderá colaborar, seja no alerta que sempre deve ser feito, seja no seu papel legislativo, de fiscalização e de contribuição para o desenvolvimento nacional. “Vamos superar esses entraves, porque o tema da gestão pública, que é o núcleo duro de todo esse esforço, já faz parte da agenda nacional’, afirmou.

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26/06/2015