“Somente um pacto nacional poderá encontrar o caminho para essa brutal crise”, diz Hauly sobre déficit de R$ 125 bilhões

Acompanhe - 16/05/2016

luiz carlos hauly foto Agencia CamaraBrasília (DF) – O governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) tem grandes desafios pela frente no setor econômico. Um deles é o tamanho do rombo nas contas públicas. O consenso é que o déficit deverá ultrapassar os R$ 96,6 bilhões que foram previstos pela equipe econômica da presidente afastada Dilma Rousseff. Integrantes da Comissão de Orçamento estimam um déficit de, ao menos, R$ 125 bilhões.

Para o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), será necessária uma ampla e profunda reforma, com a participação de todos os setores da sociedade, para que o país supere a crise atual. Ele lembrou que o rombo de R$ 125 bilhões é primário. O déficit nominal do país pode passar dos R$ 500 bilhões neste ano, assim como em 2015.

“A única solução para o déficit da economia brasileira é fazer um novo pacto nacional, social, pelas reformas, tentando a convergência entre o governo, o Ministério da Fazenda, o Banco Central, o Congresso Nacional, os partidos, os trabalhadores, os empresários, os governadores e prefeitos. Nesse entendimento nacional, é preciso repactuar a arrecadação e a despesa pública do Brasil. Fazer um novo sistema tributário, discutir a questão previdenciária, a questão trabalhista, porque isso tudo está ligado diretamente ao funcionamento da economia”, afirmou.

O parlamentar avaliou que a equipe econômica de Dilma Rousseff trabalhava com expectativas irreais, com uma estimativa inicial de superávit de R$ 30,5 bilhões para o setor público nesse ano, o que faz que o governo Temer tenha agora que correr contra o tempo para aprovar no Congresso a revisão de meta fiscal de 2016, de forma a evitar um corte generalizado de gastos em despesas básicas, como água, luz e bolsas de estudos.

“Na medida em que estamos indo para o terceiro ano consecutivo de PIB [Produto Interno Bruto] negativo, não há solução a curto prazo, não há medidas fatiadas, pontuais, que resolvam o problema. Tem que ser feita uma ampla e profunda reforma, a partir do amplo e profundo acordo nacional. O governo não pode e não deve tomar nenhuma iniciativa individual, através do ministro da Fazenda, porque o problema é muito maior do que o ministro da Fazenda e muito maior do que o presidente da República. Envolve os três poderes, todos os trabalhadores, todos os empresários do país, todos os profissionais liberais e toda a sociedade brasileira. Somente um pacto nacional poderá encontrar o caminho para essa brutal crise”, apontou.

Retomada da confiança

Em entrevista à TV Globo, o novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou que o maior desafio a ser enfrentado pelo Brasil para que a economia volte a andar é a retomada da confiança perdida. Com esse objetivo, o governo Temer já colocou em prática medidas como a redução no número de ministérios e de servidores do funcionalismo público.

O deputado Hauly ressaltou que o primeiro passo para a recuperação econômica já foi dado: a saída de Dilma Rousseff do poder.

“Hoje o governo tem credibilidade. Dois terços da população já aceitam e dão credibilidade ao governo Temer, mas a lua de mel pode ser curtíssima. Então, ele tem que transformar essa lua de mel em um casamento perene, até o final do mandato. Ele [o governo Temer] tem que demonstrar que veio para fazer mudanças profundas no sistema tributário, no gasto do dinheiro público nacional, no tamanho do governo, no governo federal, nos estados e municípios, nas estatais, no seu papel. Tudo tem que ser reavaliado e a hora é agora”, completou o tucano.

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16/05/2016