PSDB – MS

Artigos

“Dilma no volume morto”, análise do ITV

Dilma Foto Fabio Pozzebom ABrNão importa o grupo social, não importa a faixa de renda ou a região de domicílio. Pelo país afora, independente do recorte estatístico, pelo menos seis de cada dez brasileiros reprovam o governo da presidente Dilma Rousseff. As péssimas condições da economia sugerem que a situação ainda vai piorar para a petista.

A reprovação a Dilma voltou a subir e agora 65% dos brasileiros consideram que a presidente faz um governo ruim ou péssimo, segundo pesquisa do Datafolha divulgada no domingo. Na ponta de baixo, somente um em cada dez brasileiros aprova o jeito de a petista agir, avaliando sua gestão como ótima ou boa.

Os brasileiros sentem-se enganados pela presidente que prometeu um mundo cor de rosa na campanha eleitoral e está patrocinando um dos períodos mais atordoantes da história recente do país. Estamos sendo intoxicados por uma mistura de recessão brava, inflação e desemprego, sem falar na sufocante corrupção.

O futuro é sombrio. Apenas 19% ainda creem que a situação econômica vai melhorar, ante 53% que consideram que piorará. Nos detalhes, o pessimismo com as perspectivas do país é bem mais expressivo: 73% acham que o desemprego vai aumentar ainda mais e 77% avaliam que a inflação continuará subindo. Infelizmente, podem ter razão.

A impopularíssima Dilma encontra-se em companhias nada notáveis. Seu índice de desaprovação é semelhante ao de Fernando Collor um pouquinho antes de ele ser ejetado do cargo de presidente sob a acusação de corrupção ou de José Sarney, no fim de um governo em que ninguém suportava mais o então mandatário.

As semelhanças entre o agora e o passado vão mais longe. Além de ser a presidente mais rejeitada da história desde Collor, Dilma promove o maior desemprego desde 1992, segundo números do Caged divulgados na sexta-feira – 244 mil vagas foram eliminadas no ano até agora. A inflação também é a mais alta em quase 20 anos.

Dilma é a encarnação da mentira, algo que nem seu tutor consegue mais disfarçar. Em conversa com religiosos na semana passada, Lula disse que a presidente, o PT e ele mesmo estão “no volume morto”, padecendo da reprovação generalizada da população.

Na sua pregação, ele admitiu que, na campanha, Dilma prometeu aos brasileiros uma coisa e fez outra. “Os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso [no programa de TV] e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado”.

A farsa eleitoral já foi amplamente caracterizada. A novidade é que nem o PT é mais capaz de negá-la. Quem sofre na pele e paga a fatura é a população, principalmente os mais pobres. Mas, felizmente, a hora do acerto de conta parece estar chegando. E não apenas para Dilma. Mas também para Lula e o PT. Já deu.

“Intolerância e omissão”, por Aécio Neves

18-03-15 Aecio Neves_1Na última quinta-feira (18) estive na Venezuela, na companhia de outros sete senadores, em visita de caráter oficial para levar solidariedade aos presos políticos do regime de Nicolás Maduro. Queríamos visitar o líder oposicionista Leopoldo López, no presídio desde fevereiro de 2014, e Antonio Ledezma, prefeito metropolitano de Caracas, mantido em prisão domiciliar.

Não conseguimos ir muito além do aeroporto. A estrada de acesso a Caracas estava bloqueada. Nosso carro foi cercado e impedido de continuar. Hostilizados e sob ameaça de agressão física, apesar de outras tentativas, não conseguimos avançar.

Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves.

Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em 22/06/2015.

Leia aqui o artigo na íntegra

“Reiteradas lambanças fiscais”, análise do ITV

Dilma-Foto-George-Gianni-1Dilma começou a pedalar sua bicicleta importada nos arredores do Palácio da Alvorada há apenas poucas semanas. As contas públicas, porém, ela pedala desde que iniciou seu governo. A burla fiscal é o método de gestão mais característico da gerentona. Ou será que ela, mais uma vez, não sabia de nada?

Não foi apenas no ano eleitoral que o governo petista se esbaldou na gastança do dinheiro do contribuinte para ajudar a reeleger Dilma. Desde 2011, o TCU vem apontando irregularidades nas contas do governo federal e aprovando-as sempre com restrições.

Foram ao todo 73 ressalvas e 128 recomendações feitas em relação aos exercícios de 2011, 2012 e 2013. Não se trata de detalhes técnicos; é dinheiro de impostos que deveria estar beneficiando o cidadão, mas escorre pelo ralo da irresponsabilidade e do desperdício.

Em 2011, por exemplo, o TCU chamou atenção para as renúncias fiscais. Naquele ano, elas somaram mais do que os gastos do governo federal com saúde, educação e previdência. Em 2012, com as contas em processo de forte descontrole patrocinado por Dilma, o governo fez frenéticas operações triangulares para fechar o caixa: nos três últimos dias do ano, R$ 19,4 bilhões foram levantados de forma “extraordinária e atípica”.

No ano seguinte, a farra continuou. Quinze estatais estouraram limites de gastos. Benefícios distribuídos com vistas à Copa foram omitidos. Já quase sem fôlego, 60% do superávit primário alcançado pela União no ano veio de receitas extraordinárias.

Em 2014, as maquiagens culminaram, um mês depois da reeleição de Dilma, na revisão da meta prevista na LDO, o que na prática transformou rombo em superávit – episódio que agora pode implicar diretamente a presidente em crime de responsabilidade. Os malabarismos não impediram que as contas fechassem com rombo de R$ 32 bilhões.

Parte das más praticas na gestão do dinheiro público flagradas pelo TCU nos últimos anos se mantém neste ano. Tanto que já se cogita seriamente dentro do governo rever para baixo a meta de superávit deste e do próximo ano, tamanho é o desarranjo.

Ontem, no julgamento das contas de 2014, o TCU levantou 13 pontos que a própria presidente da República terá de esclarecer, num prazo de 30 dias, para não ter suas contas rejeitadas. O procedimento é inédito, porque Dilma sequer apresentou contas “em condições de serem apreciadas”, resumiu o ministro-relator, Augusto Nardes.

Depois que o TCU concluir a análise das contas de Dilma de 2014, com tudo para rejeitá-las, elas serão enviadas para apreciação do Congresso. Lá também aguardam a manifestação dos parlamentares as contas de 2011 a 2013 – bem como todas as demais desde 2002.

O conjunto da obra fornece razões de sobra para punir a presidente da República por crime de responsabilidade. Dilma Rousseff não apenas jogou a responsabilidade fiscal na lata de lixo; no vale-tudo eleitoral, ela pôs em risco o futuro do país.

“Enfim, o reconhecimento do PT”, por José Aníbal

anibalAcuada em busca de alguma credibilidade para atrair investidores estrangeiros, Dilma Rousseff decidiu retomar o modelo de concessões do governo FHC – aquele mesmo que Lula e o PT tanto satanizaram. Durante solenidade de anúncio, Dilma disse que a nova rodada de privatizações marca uma “virada gradual e realista de página”.

Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, foi além. Segundo ele, a licitação por outorga deve trazer mais eficiência ao processo e desonerar o setor produtivo. “Ele vai contribuir para recuperar mais rápido a economia brasileira”, disse. Joaquim Levy, da Fazenda, anotava: “Trata-se de um choque produtivo para a retomada do crescimento”.

Segundo os jornais, Dilma resistiu até o último segundo ao modelo, pois não queria passar recibo de que o jeito adequado é o tucano. Mas teve de passar, não tinha saída. Era isso ou o plano naufragava, tal o descrédito, a inépcia e a ruína de expectativas deixados pelo primeiro mandato da presidente. A fórmula anterior para atrair investimento era gritar ‘Xô!’

Mas o tributo do PT ao PSDB não para por aí. A Folha de sábado revelou os insuspeitados elogios do governo às reformas econômicas de FHC. Lançado no ano passado pelos ministérios das Relações Exteriores, do Desenvolvimento e da Agricultura, o site Brasil Export (brasilexport.gov.br) é todo dedicado à atração de investimentos estrangeiros.

“Após reformas macroeconômicas nos anos 1990, o Brasil consolidou sua reputação como um país atrativo para investidores internacionais”, diz o site. “A estabilidade financeira e o vigor econômico do Brasil decorrem de reformas promovidas nos anos 1980 e 1990 que abriram o país ao comércio internacional e liberalizaram setores-chave da economia”. Nem parece que o PT foi contra todas elas!

Tem mais: o plano Real “lançou as bases sobre as quais o crescimento econômico posterior do país foi construído”. E arremata dizendo que “uma das principais consequências do fim da inflação foi uma melhora na distribuição de renda”. Ainda que com sua habitual pequenez, o PT finalmente admite a obra reconhecida pelos brasileiros.

Moral da história? Quando busca credibilidade internacional quanto aos fundamentos da economia, o dinamismo do mercado e o bom ambiente de negócios, o governo Dilma Rousseff, ainda que de forma envergonhada e dissimulada – e também por sobrevivência -, recorre ao legado do PSDB, reafirmando a durabilidade das conquistas e o novo patamar alcançado.

Falta generosidade e grandeza ao PT. O rebaixamento do debate político deve muito a essas falsificações históricas, quando o partido tenta enlamear as conquistas da sociedade brasileira contra as quais se posicionou. Na berlinda, Dilma agora se vê obrigada a admitir que o país não começou com o PT. Do mesmo modo que não vai acabar, apesar dos desastres do lulopetismo. De nossa parte, agradecemos a homenagem. Ela é mais do que justa, ainda que tardia.

Senador suplente pelo PSDB-SP e ex-deputado federal. Escreve às quartas-feiras, no Blog do Noblat.

“Pedala, Dilma”, análise do ITV

Dilma Foto George GianniEstá nas mãos do TCU a oportunidade de pôr fim à farra com recursos públicos promovida nos últimos anos pelos governos do PT. O órgão prepara-se para apreciar amanhã as contas relativas ao último ano do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Sua decisão será pedagógica de como deve ser tratado o dinheiro do contribuinte – não só em Brasília, mas país afora.

No centro da discussão está o uso ilegal de recursos de bancos oficiais por parte do Tesouro Nacional para custear programas do governo federal. Nos últimos anos, a gestão petista se fartou de ajuda da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES para bancar pagamentos do Bolsa Família, do seguro-desemprego, do abono salarial e do Minha Casa Minha Vida, entre outros.

A prática era corriqueira até os anos 1990, mas foi coibida a partir da vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal – aquela à qual os petistas combateram até com ação no Supremo – e da lei do colarinho branco. Esteve na raiz da quebradeira que assolou bancos oficiais e estados brasileiros no fim do século passado. Imaginava-se superada, mas o PT, como fez com muita coisa ruim da política nacional, ressuscitou-a.

Os primeiros extratos do relatório do ministro Augusto Nardes que avalia as contas de Dilma no ano passado não deixam dúvida: a burla fiscal foi convertida pela gestão da petista em método de finança pública. Exagerar, maquiar, esconder, surrupiar e, principalmente, malversar o recurso pago pelo contribuinte foram a regra. Oxalá, não continuem a ser.

A equipe de Nardes já identificou déficit de R$ 140 bilhões nas contas do governo, segundo a Folha de S.Paulo. Cerca de R$ 37 bilhões em dívidas existentes no ano passado também foram omitidas, conforme O Estado de S. Paulo.

No centro de tantos e seguidos erros, estava a incapacidade da equipe de Dilma, a gerentona, de planejar receitas e despesas – umas sempre superestimadas, outras constantemente subavaliadas. O pior é que o exemplo vindo de cima também contaminou muitas das finanças estaduais, hoje também em frangalhos.

A decisão do TCU, em forma de parecer, será depois encaminhada ao Congresso, a quem caberá julgar as contas da presidente e, preferencialmente, rejeitá-las. Todas as evidências apontam, indiscutivelmente, para a prática de crime de responsabilidade por parte de Dilma, algo passível de punição extrema, a perda de mandato. Se há Justiça a fazer, é esta.

Espera-se do plenário do TCU, na votação prevista para amanhã, que respeite as evidências técnicas e objetivas levantadas pelos seus atuantes profissionais mostrando que as contas públicas foram espancadas pela presidente e seu time de prestidigitadores. Se fizer vista grossa às flagrantes irregularidades, estará dando carta branca a um assalto.

“Espírito animal que nada!”, por Arthur Virgílio Bisneto

BisnetoUma das bandeiras levantadas no primeiro governo Dilma, com o seu ministro Guido Mantega, era instigar o setor privado a realizar investimentos, pois é sabido que o governo não trabalha sozinho na busca por crescimento econômico.

Assim, Mantega convocava o setor empresarial para que investisse mais e confiasse nas ações do governo, dessa maneira a economia do país seria impulsionada pelas duas frentes. A ideia era que o “espírito animal” da classe empresária aflorasse, aumentando os investimentos privados tão necessários para o país.

Bem, não custa relembrar que, frente às medidas adotadas pelo governo, o setor empresarial confiava cada vez menos credibilidade ao governo, logo não era estratégico e nem muito seguro realizar investimentos.

Tendo noção da necessidade de os empresários ampliarem seus investimentos e da relevância destes para o crescimento do país, o atual ministro da Fazenda também chegou a citar no começo do ano que era imperativo “resgatar o espírito animal”.

Pois bem, entendemos que é primordial a retomada dos investimentos privados para estimular a economia do país, porém o governo vem falhando relutantemente na tentativa de proporcionar um ambiente que leve confiança aos empresários.

Um indicador dessa falta de credibilidade do governo, principalmente nesse começo de segundo mandato da presidente Dilma, está expresso nos resultados divulgados semanalmente pelo Banco Central em seu Boletim Focus, que apresenta as estimativas do mercado para a economia.

Os empresários não confiam na estabilidade de preços para 2015, ou seja, não acreditam que o governo conseguirá cumprir o estabelecido no regime de metas (até o governo já jogou a toalha e sabe que não teremos inflação menor do que 6,5% este ano). As perspectivas sobre a inflação, por exemplo, têm aumentado consistentemente desde o começo do ano. A última edição do Focus já apresenta estimativa de 8,8% para a inflação em 2015.

Os empresários também não confiam na capacidade do governo em impulsionar a economia este ano. A mesma publicação do Banco Central apresenta que, de uma perspectiva de crescimento baixo do PIB a classe empresarial, já acredita em retração de pelo menos 1,35%.

Isso é tudo? Não. Dilma esbravejou nas últimas eleições sobre o seu compromisso em não aumentar a taxa básica de juros. E o que temos é taxa atual de 13,75% a.a. Os empresários acreditam que ao final do ano a Selic deve atingir ao menos 14% a.a.

Que espírito animal a presidente espera resgatar com um cenário tão ruim? Que confiança terão os empresários para investir se a situação atual é resultante de equívocos cometidos pelo próprio governo? Como alguém vai investir se não tem garantias quanto aos resultados?

A presidente e o ministro Levy sabem muito bem da relevância dos investimentos dos empresários para a retomada do crescimento econômico. São conscientes de que para alcançar robustez na economia é preciso de uma classe empresarial ativa e confiante. Porém, estão pecando, e não é de agora.

*Do deputado federal Arthur Virgílio Bisneto do PSDB-AM.

“Pedala, Dilma”, análise do ITV

Dilma Foto George GianniEstá nas mãos do TCU a oportunidade de pôr fim à farra com recursos públicos promovida nos últimos anos pelos governos do PT. O órgão prepara-se para apreciar amanhã as contas relativas ao último ano do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Sua decisão será pedagógica de como deve ser tratado o dinheiro do contribuinte – não só em Brasília, mas país afora.

No centro da discussão está o uso ilegal de recursos de bancos oficiais por parte do Tesouro Nacional para custear programas do governo federal. Nos últimos anos, a gestão petista se fartou de ajuda da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES para bancar pagamentos do Bolsa Família, do seguro-desemprego, do abono salarial e do Minha Casa Minha Vida, entre outros.

A prática era corriqueira até os anos 1990, mas foi coibida a partir da vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal – aquela à qual os petistas combateram até com ação no Supremo – e da lei do colarinho branco. Esteve na raiz da quebradeira que assolou bancos oficiais e estados brasileiros no fim do século passado. Imaginava-se superada, mas o PT, como fez com muita coisa ruim da política nacional, ressuscitou-a.

Os primeiros extratos do relatório do ministro Augusto Nardes que avalia as contas de Dilma no ano passado não deixam dúvida: a burla fiscal foi convertida pela gestão da petista em método de finança pública. Exagerar, maquiar, esconder, surrupiar e, principalmente, malversar o recurso pago pelo contribuinte foram a regra. Oxalá, não continuem a ser.

A equipe de Nardes já identificou déficit de R$ 140 bilhões nas contas do governo, segundo a Folha de S.Paulo. Cerca de R$ 37 bilhões em dívidas existentes no ano passado também foram omitidas, conforme O Estado de S. Paulo.

No centro de tantos e seguidos erros, estava a incapacidade da equipe de Dilma, a gerentona, de planejar receitas e despesas – umas sempre superestimadas, outras constantemente subavaliadas. O pior é que o exemplo vindo de cima também contaminou muitas das finanças estaduais, hoje também em frangalhos.

A decisão do TCU, em forma de parecer, será depois encaminhada ao Congresso, a quem caberá julgar as contas da presidente e, preferencialmente, rejeitá-las. Todas as evidências apontam, indiscutivelmente, para a prática de crime de responsabilidade por parte de Dilma, algo passível de punição extrema, a perda de mandato. Se há Justiça a fazer, é esta.

Espera-se do plenário do TCU, na votação prevista para amanhã, que respeite as evidências técnicas e objetivas levantadas pelos seus atuantes profissionais mostrando que as contas públicas foram espancadas pela presidente e seu time de prestidigitadores. Se fizer vista grossa às flagrantes irregularidades, estará dando carta branca a um assalto.

“Carta a Fernando Brant”, por Aécio Neves

18-03-15 Aecio Neves_3Fernando, querido amigo:

Se eu soubesse que aquele encontro em Belo Horizonte há pouco mais de um mês, junto a alguns bons amigos, seria o último a nos reunir, certamente eu teria me despedido de você de um outro jeito. Teria dito o que nunca cheguei a dizer em toda a sua extensão: você foi um dos melhores e nos fará uma falta sem tamanho.

Falo aqui do homem, do artista, do companheiro. Foram mais de 30 anos de convivência desde a memorável campanha de Tancredo para o governo de Minas, em 1982. Ali me aproximei do poeta que ajudava a compor a trilha sonora da minha geração. Para tantos jovens que amavam os Beatles e os Rolling Stones, a música do Clube da Esquina era o ingresso sem volta na beleza e na inquietude de um som brasileiro, sendo antes de tudo mineiro e sendo acima de tudo universal. Suas letras, Fernando, vinham de algum lugar que era alma e era também terra, era sentimento e era geografia.

Presidente nacional do PSDB. Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em 15/06/2015

Confira aqui a íntegra

“Decadência sem elegância”, análise do ITV

Dilma Foto George Gianni PSDB 3O Partido dos Trabalhadores encerrou neste fim de semana mais um de seus congressos nacionais. O clima reinante era de fim de feira. A legenda que se notabilizou por ter adotado o mensalão e o petrolão como método de governo vive uma decadência sem nenhuma elegância.

A principal discussão promovida pelo partido cujo governo ora protagoniza a maior recessão dos últimos 20 anos, além de ter estrelado o maior estelionato eleitoral da história, foi sobre a criação de mais impostos. A CPMF chegou a ser cogitada, inclusive oficialmente, mas foi limada das resoluções na última hora, com direito a reprimenda pública de Joaquim Levy.

Mesmo assim, ainda lá ficou no texto oficial a defesa de mais tributos sobre a população brasileira: sobre renda, sobre heranças, sobre fortunas. O mantra do “imposto, imposto, imposto” é tudo em que o PT consegue pensar para tentar escapar da crise.

Dilma Rousseff foi recebida com frieza, para dizer o mínimo, pelos militantes de seu partido. Muitos preferiram debandar e ir tomar uma cervejinha a ouvir a presidente da República. Já a verve de outrora de Lula teve de conter-se num texto lido, mas que ainda assim não prescindiu de suas muletas retóricas habituais, como os ataques à imprensa.

Todo amor dos petistas que faltou à presidente sobrou, contudo, para João Vaccari Neto. Mesmo ausente, porque preso sob a acusação de ser vértice do esquema de corrupção que desviou bilhões da Petrobras, o ex-tesoureiro foi ovacionado com três minutos de aplausos na sessão de abertura e mereceu moção de apoio no encerramento do convescote.

As palavras “ética” e “corrupção” passaram longe do texto da resolução final aprovada pelos petistas. No entanto, lá permanecem os louvores à “pátria socialista” e à “esperança simbolizada pela bandeira vermelha”.

Lá também foi mantida a expiação das culpas pelo péssimo estado geral das coisas no país, imputando as responsabilidades ao “tsunami” externo (alguém aí é capaz de notá-lo hoje, passados quase sete anos do epicentro da crise econômica?), à mídia, aos inimigos de classe, às “forças conservadoras”. O PT precisa desesperadamente de sua mística para sobreviver.

Mas não há nada de sobrenatural no que acontece nas fileiras da militância partidária. O PT foi o partido que mais perdeu filiados ao longo deste ano. Provavelmente desiludidos, mais de 6 mil pediram o boné. Em contrapartida, o PSDB foi quem mais ganhou novos partidários, com 15 mil novos registros, segundo O Estado de S. Paulo.

À crise que consome o país, aos atentados à ética protagonizados pelo partido, os petistas reunidos na Bahia não conseguiram balbuciar qualquer resposta. Sua resolução final caberia muito bem num passado distante em que o PT era apenas uma perspectiva de poder sonhada por alguns milhares de brasileiros. Hoje não passa de peça de ficção ou de misticismo rastaquera.

“Castelo de Piauí, o Brasil de todos nós”, por Solange Jurema

Solange-Jurema-Foto-George-GianniDa longínqua e desconhecida Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina, veio uma das noticias mais trágicas e dramáticas da historia recente da violência contra a mulher no Brasil, que ganhou espaço em todos os jornais e repercussão internacional: o rapto, estupro e tentativa de homicídio coletivo de quatro adolescentes. Uma delas, Danyelle Rodrigues, morreu no domingo, dia 07 de junho, depois de lutar por sua vida durante doze dias.

O cenário do crime fica ainda mais assustador – se é que isso é possível – e ganha cores mais fortes quando se sabe que os autores dessa barbárie são quatro menores, famélicos e semialfabetizados, comandados por um maior de idade, o único ainda foragido.

É a tragédia da tragédia!

É a revelação da triste realidade brasileira em que menores desamparados, desprovidos de qualquer apoio do estado, atacam menores na mesma situação politica, econômica e social.

O cotidiano da vida miserável levada pelos cerca de 18 mil habitantes da pequena cidade do interior piauiense, impactado pela brutalidade do crime cometido, nos leva a uma reflexão do país em que vivemos, e o país que queremos para nossos filhos e netos.

Segundo o relato da mídia, os menores apreendidos e transferidos para Teresina para não ser linchados pela população revoltada, são usuários de drogas, não estudam, têm passagens pela polícia e provêm de famílias que vivem do Bolsa Família.

É a falência da presença do Estado – ou melhor, a ausência dele – e de seus instrumentos de política de assistência social.

À par da brutalidade específica desse caso piauiense, as estatísticas do Brasil envergonham o país e mostram que essa realidade atinge não somente a esse estado, mas a todos os demais. Seja no Piauí, no Amazonas, Bahia, Mato Grosso ou Rio Grande do Sul, não há segurança e nem política pública séria para combater estupradores.

Recentemente, em Brasília, capital da República, a população acompanhou estupefata a demora das autoridades judiciárias e policiais em prender um contumaz agressor sexual de mulheres no campus da Universidade de Brasília – detido apenas após cometer o terceiro crime seguido!

Para se ter uma ideia do drama nacional, em  2013 ocorreram cerca de 50 mil casos de estupros registrados pela polícia em todo o território nacional, segundo dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Nos últimos anos, até por conta do aumento do número de registros, as taxas de estupros subiram de 22,1 casos por 100 mil habitantes para 26,1 casos por 100 habitantes,entre 2011 e 2012, com uma redução para 25/100 em 2013. Porém, as estatísticas também indicam que pelo menos 35% dos casos não são registrados pela vítima – ou seja, pode-se estimar que hajam cerca de 140 mil estupros anuais no Brasil.

São números assustadores e que se tornam ainda mais trágicos quando revestidos de dramas como os ocorridos em Castelo do Piauí. Aquela noite terrível, em que diversas facetas da perversa realidade social brasileira – menores pobres, carentes, criminosos que atacam vítimas menores, carentes – se uniram em um cenário dantesco para nos incomodar e indignar ainda mais.

Castelo do Piauí é o Brasil de todos nós!

Presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB