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“Faz de Contas”, análise do ITV

dilma-foto-fabio-pozzebom-abr1-300x199A gestão das contas públicas brasileiras virou conto da carochinha. Depois de anos de manipulações, maquiagens e “pedaladas”, o governo Dilma se superou e agora fabricou o rombo que vira superávit fiscal. Com esta gente, a criatividade não tem limites.

Há tempo, especialistas vêm alertando que as contas públicas estão em completo descontrole. O governo nega, assim como fez a candidata oficial durante toda a campanha presidencial. Mas a verdade acaba de vir à tona, com a revisão das metas fiscais de 2014 proposta ontem pelo Executivo.

A flexibilização agora inclui a possibilidade de descontar da meta fiscal todos os gastos com o PAC e todas as desonerações tributárias – que, só até outubro, somaram R$ 130 bilhões. Com isso, o governo pode não poupar um centavo sequer dos R$ 116 bilhões que se dispôs a alcançar neste ano. Na realidade, vai poder registrar déficit e considerar que produziu superávit. Haja criatividade.

As contas públicas estão em frangalhos, apesar de a ministra Miriam Belchior considerar a situação “bastante confortável”. Em setembro, as contas do governo federal fecharam com rombo de R$ 20,4 bilhões. Foi o quinto déficit seguido e o pior de toda a história.

Tudo indica que 2014 deve marcar o registro do primeiro déficit desde 1997, já que nos nove primeiros meses do ano o rombo já supera R$ 15,7 bilhões. A questão de fundo, que o governo tenta escamotear, é o forte aumento das despesas, que cresceram nos últimos quatro anos tanto quanto nos 12 anos anteriores, segundo Mansueto Almeida.

Aos poucos, a gestão Dilma Rousseff vai enterrando todos os pilares que fizeram com que a economia brasileira se reorganizasse e o país pudesse prosperar. O compromisso com o controle da inflação já vem sendo comprometido. Agora é a vez da implosão fiscal.

Na prática, a presidente está rasgando uma das leis que mais contribuiu para avanços institucionais e para o resgate da confiança de investidores no Brasil: a de Responsabilidade Fiscal. Editada em 2000, traça metas e define punições para administradores irresponsáveis, mas, com sua criatividade, o PT a está transformando em letra morta.

É incrível que o governo mexa nas metas fiscais faltando 50 dias para terminar o ano. Mas não se trata de ato isolado. Desde 2012, a criatividade come solta na contabilidade oficial. Instituições como Caixa e Banco do Brasil, por exemplo, estão levando beiço do Tesouro e acumulam passivos bilionários.

A perspectiva futura não é boa. Os parâmetros usados para elaborar as diretrizes orçamentárias de 2015 são de um irrealismo que beira a ficção. O governo acha que merece um cheque em branco para sacar a descoberto. Mas a verdade é que não tem mais crédito na praça para fazer jus a qualquer voto de confiança.

“Escândalo mundial”, análise do ITV

petrobras-sede1-foto-divulgacao--300x131Esta ninguém tira dos governos do PT: com a roubalheira na Petrobras, conseguiram produzir um escândalo de proporções globais. Nunca antes na história deste país, um esquema de corrupção montado para drenar cofres públicos havia chegado tão longe.

O assalto à Petrobras está agora sob investigação de dois órgãos americanos: a Securities and Exchange Commission (SEC), espécie de xerife do mercado financeiro de lá, e o Departamento de Justiça do governo Obama.

A suspeita é de envolvimento da companhia e seus dirigentes no pagamento de propina, algo severamente punido pela lei americana sobre práticas corruptas praticadas no exterior. A Petrobras está sujeita a investigações porque tem ações (por meio de ADRs, uma espécie de recibos) listadas na bolsa de Nova York.

A revelação veio a público no domingo, por meio de reportagem do Financial Times. O jornal registra que “muitos dos supostos problemas ocorreram quando a presidente Dilma Rousseff era chefe da empresa”. Entre 2003 e 2010, período em que o grosso das irregularidades se deu, ela presidia o conselho de administração da Petrobras.

Como também tem papéis listados na bolsa de Frankfurt, a empresa também pode vir a ser investigada com base na Lei Anti-Suborno do Reino Unido, especula o Valor Econômico. Na condição de ex-presidente do conselho, Dilma corre risco de ser chamada a depor. Seria um vexame de proporções intercontinentais.

É vergonhoso que a maior empresa pública do Brasil tenha se tornado alvo de investigações globais. É salutar, porém, que a companhia e suas práticas sejam escrutinadas por vários e diferentes órgãos além do Ministério Público e da Polícia Federal brasileiros. Será que agora Dilma vai continuar dizendo que as falcatruas na empresa só foram descobertas porque ela mandou apurar?

O escândalo é mesmo gigantesco: estima-se que tenha movimentado R$ 10 bilhões. Só em multas a serem impostas a empreiteiras suspeitas de terem tomado parte no esquema de desvio de recursos públicos, o valor pode atingir R$ 1 bilhão, segundo informa hoje o Valor em manchete.

Na semana passada, a Petrobras já protagonizara um vexame ao ver-se obrigada pela empresa de consultoria que audita sua contabilidade a defenestrar um dirigente suspeito de corrupção. Sem a saída de Sérgio Machado da Transpetro, a PricewaterhouseCoopers se recusava a assinar o balanço da empresa, a ser divulgado nesta semana.

Sempre que pôde colaborar com a elucidação do assalto à companhia, o governo petista fez justamente o contrário. Tentou, por exemplo, impedir que as investigações da CPI avançassem e chegou a divulgar um falso acordo com a oposição para barrar a apuração. Com a entrada dos órgãos americanos em cena, o espaço para protelações acabou.

“A Oposição é um Movimento”, análise do ITV

aecio-neves-senado2-300x199Aécio Neves reassumiu ontem suas funções como senador da República. Deixou claro que a oposição ao governo recém-reeleito será vigorosa, mas estritamente pautada nos marcos democráticos. Apresentou-se firme diante do clamor por liderança que os brasileiros pedem, no mesmo instante em que a candidata vitoriosa busca as barras de seu tutor para refugiar-se.

Aécio fez discurso no Senado em que demarcou as balizas em que pretende marchar representando os mais de 51 milhões de brasileiros e brasileiras que depositaram nele sua confiança e seu voto. Uma oposição sem adjetivos, a favor do Brasil e na defesa dos valores mais caros aos nossos cidadãos de bem: ética, honestidade, eficiência e, sobretudo, compromisso com uma vida melhor para a população.

O pronunciamento, antecedido por um encontro suprapartidário reunindo os que não comungam das ideias defendidas pelo PT, também serviu para denunciar as armas vis que a candidatura oficial usou para conquistar a vitória. Em especial, o medo disseminado entre os mais pobres e as mentiras mil vezes reiteradas.

Aécio fora recebido no Congresso um dia antes nos braços do povo. Por onde passa, é agora saudado pelos que se frustraram com a vitória do governo, pelos que lutaram pela mudança tão aguardada, mas que não aconteceu. Há nítido anseio por um novo Brasil, que uma oposição revigorada e bem comandada levará adiante.

Ao mesmo tempo em que Aécio retoma o papel que dele espera o sentimento verdadeiro e patriótico ora existente no país, a presidente da República refugia-se debaixo das asas de seu tutor, Luiz Inácio Lula da Silva. É flagrante a diferença de posturas e de atitudes. Fica a impressão de o eleitorado ter feito a escolha trocada…

Desde a eleição, o governo de Dilma Rousseff só fez revelar fracassos – que, aliás, já vinham de longa data. Desde a eleição, a presidente reeleita ainda não apresentou ao país – como, aliás, não fizera durante toda a campanha – nenhum novo rumo para tirar-nos do atoleiro em que ela mesma nos colocou.

Pior ainda, ao ver-se em dificuldade para montar a equipe com que governará pelos próximos quatro anos, correu para seu porto seguro de sempre: o ex-presidente que lhe alçou ao posto e que lhe dá guarida. Como dialogar com quem não sabe aonde quer chegar, muito menos como fará para lá aportar?

O que resta evidente é que o país crítico, mobilizado, consciente e convicto de suas crenças terá na oposição que emergiu das urnas sua melhor representação. As forças que sustentaram a candidatura de Aécio Neves deixaram de ser só políticas e se tornaram um movimento, que, inexorável, continuará a avançar.

“O Mensalão 2″, análise do ITV

petrobras-sede1-foto-divulgacao-1-300x182No Brasil da era PT, tornou-se difícil saber onde começa e onde termina o mar de corrupção. A única certeza é que, enquanto o mesmo time se mantiver no comando do país, o surgimento de novos e mais escabrosos casos é apenas questão de tempo. O escândalo da hora é sempre pior que aquele que o antecedeu.

O partido que se notabilizou por institucionalizar a compra de votos como método de governabilidade também se destaca por ter transformado o mensalão numa prática permanente. O que muda é o caixa de onde saem os recursos para irrigar bolsos dispostos a vender apoio político: são cada vez mais polpudos.

Estamos agora diante do que se pode chamar de “mensalão 2”: a sangria de dinheiro da Petrobras para remunerar uma imensa e escusa rede de sustentação ao governo do PT no Congresso. Pelo pouco que já se sabe, ministros de Estado, governadores, senadores e deputados estão na lista da grossa propina. Deve haver muito mais.

As revelações foram feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e divulgadas na edição da revista Veja desta semana. Preso em março, depois solto e novamente encarcerado em junho, ele decidiu entregar nomes de quem se beneficiou de esquema que, calcula-se, pode ter lesado os cofres públicos em R$ 10 bilhões nos últimos anos.

Pelo que Costa afirmou, a rede de corrupção era alimentada com o equivalente a 3% do valor dos contratos que a área que ele comandou fechava. Se considerados apenas os investimentos realizados pela diretoria de Abastecimento, daria R$ 3,4 bilhões, num cálculo linear feito pelo Valor Econômico com base nos balanços da estatal entre 2004 e 2012.

A consequência política e eleitoral é cristalina: neste período, a candidata-presidente Dilma Rousseff foi a figura de proa da Petrobras. Como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, como presidente do Conselho de Administração da estatal e como presidente da República. O mensalão 2 é obra de Dilma e do PT, assim como o mensalão 1 foi obra de Lula e seus 40 réus.

Assim como seu tutor, a atual presidente insiste em dizer que nada sabia e que, enquanto comandou a administração da Petrobras, suas decisões mais importantes foram tomadas com base em documentos falhos. Será que ela acha que isso é abonador?

Agora, confrontada com as novas revelações, diz que “não lançam suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado”. Das duas, duas: Dilma é conivente com malfeitos que se acumulam em sua gestão e age de forma temerária ao comandar o país. Tanto numa hipótese quanto na outra, a conclusão é uma só: não merece continuar por mais quatro anos assistindo impassível ao mar de lama avançar.

“Central de Alopragens”, análise do ITV

1stu6130-300x200Pode ser mera coincidência. Mas é só o período eleitoral chegar para que o PT multiplique as barbaridades que é capaz de cometer para agarrar-se ao poder. De novo, gente graúda da equipe de governo está envolvida. De novo, o Palácio do Planalto está sendo usado como central de alopragens.

Até hoje sabia-se que quadros da Petrobras, alguns assessores de lideranças petistas no Congresso e um auxiliar do ministro das Relações Institucionais estiveram envolvidos na farsa montada para forjar depoimentos de mentirinha na CPI instalada no Senado para apurar as suspeitas de maus negócios feitos pela estatal quando Dilma Rousseff presidia seu conselho de administração.

Mas a coisa é mais feia do que parecia à primeira vista. Publica a Folha de S.Paulo em sua edição de hoje que partiram de dentro do Planalto iniciativas para controlar o andamento da comissão no Congresso.

Mais precisamente “o secretário-executivo do ministério [de Relações Institucionais], Luiz Azevedo, ajudou a elaborar o plano de trabalho apresentado pela comissão em maio, que incluía um roteiro para a investigação e sugestões de perguntas”.

Poderia ser surpreendente. Deveria ser de corar de vergonha. Mas, em se tratando do PT, não é. Trata-se apenas de mais uma história em que a estrutura oficial, mais especificamente órgãos abrigados no coração do poder em Brasília, é usada para perpetrar farsas, sempre na tentativa de prejudicar adversários e de corromper instituições da República.

Nas eleições de 2010, foi no mesmo Palácio do Planalto que Erenice Guerra, a substituta de Dilma na Casa Civil, colocou a turma dela para forjar dossiês que visavam atingir o presidente Fernando Henrique Cardoso. Flagrada, perdeu o cargo, mas não parou de circular pelos corredores de Brasília desfilando influência e facilidades.

Em 2006, aloprados comandados por Ricardo Berzoini, o mesmo que hoje chefia as Relações Institucionais de Dilma, tentaram atingir José Serra e Geraldo Alckmin, que então disputavam o governo de São Paulo e a presidência da República, respectivamente. Como se pode ver, a expertise do ministro petista continua à disposição da companheirada para o que der e vier…

Tem gente no PT que acha que as revelações sobre o vale-tudo do partido e seus estratagemas para evitar a elucidação de tenebrosas transações são tudo “bobajada”. Não são.

Novamente, está-se diante de uma escolha: de um lado, quem luta para preservar as instituições, o interesse do país; de outro, quem tudo teme, provavelmente porque muito deve. Este tempo de aloprações tem que acabar.

“Inglório campeonato”, análise do ITV

dinheiro_0-300x225Sem surpresa, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu ontem manter a taxa básica de juros em 11% ao ano. É o suficiente para conservar o Brasil na inglória condição de país que pratica a mais alta taxa real entre todas as economias do planeta. Este campeonato ninguém gostaria de conquistar.

Foi a segunda vez consecutiva que a Selic foi mantida nos patamares atuais. O BC sinalizou, porém, que pode alterar seu comportamento na reunião prevista para o comecinho de setembro. A decisão de ontem, segundo comunicado oficial emitido após a reunião, limita-se apenas a “este momento”.

A próxima decisão acontecerá poucos dias depois de o IBGE divulgar os resultados do PIB no segundo trimestre, que muitos não descartam que poderá ser negativo – de acordo com a prévia do BC divulgada nesta manhã, o crescimento acumulado em abril e maio foi nulo. Segundo analistas, há duas hipóteses para quando setembro vier: aumento dos juros em função de novas altas da inflação ou redução da taxa em razão do esfriamento da economia.

De todo modo, a manutenção dos juros nos patamares atuais consolida o Brasil como a pátria dos juros altos, título que reconquistamos no fim do ano passado e parece que ainda vamos conservar por muito tempo. Segundo levantamento feito pela consultoria Moneyou, a taxa brasileira está em 4,2%, já descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.

Curiosamente, as três posições seguintes são ocupadas por parceiros brasileiros nos Brics: China (3,4%), Índia (2,3%) e Rússia (1,5%). Para este clube, não há banco de fomento ou fundo de socorro que dê jeito… Das 40 economias acompanhadas pela Moneyou, o Brasil está entre as 16 que praticam taxas positivas. Nas demais, o juro nominal é mais baixo que a inflação projetada.

Esta ingrata condição joga por terra mais uma das promessas da presidente Dilma Rousseff. Em 30 de abril de 2012, ela ocupou cadeia nacional de rádio e televisão para prometer a redução dos juros. Jogou os bancos públicos na cruzada, apostando que forçaria o resto do sistema bancário a acompanhá-los.

Como Dilma é uma economista apenas bissexta, seus fundamentos não batem com a realidade. Juro não cai à base de voluntarismo, ainda mais num país em que o governo não só não controla como aumenta seus gastos, como ocorre na gestão petista.

O resultado é que, depois de nove altas consecutivas entre abril de 2013 e abril de 2014, tanto a Selic quanto as taxas das demais linhas de crédito estão hoje mais altas do que no início do mandato da presidente, como ilustrou a Folha de S.Paulo no sábado.

O juro alto é o remédio amargo que sobrou para os formuladores da nossa política monetária em função da inflação persistentemente alta no país – turbinada também pelo tarifaço previsto para a energia. Os prognósticos quanto aos índices de preços e ao aumento da carestia continuam sombrios, solapando a confiança de consumidores e empresários, de indústria e comércio.

O temor é disseminado. Pesquisa encomendada pela Fiesp e divulgada hoje por O Globo mostra que 69% da população brasileira considera que houve grandes aumentos de preços nos últimos seis meses. 73% das pessoas ouvidas avaliam que a política econômica do governo é a responsável pela elevação dos preços.

A realidade é que o Brasil vê-se hoje aprisionado na armadilha do baixo crescimento e da inflação elevada, temperada também pelos juros altos. Este coquetel indigesto só tem como ser superado por uma política econômica responsável que trate as contas públicas com zelo e transparência, empreenda firme esforço para reduzir a dívida pública e não transija no combate à carestia. Menos que isso é só pantomima ensaiada para pôr na propaganda de TV.

“Bric-à-brac”, análise do ITV

foto2-editar-300x169Não deixa de ser positiva a iniciativa de Brasil e mais quatro países de criar instituições que atendam a interesses dos chamados Brics, o acrônimo com que o mundo financeiro batizou o grupo emergente formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. Pelo menos sugere que nossa política externa ensaia deixar o estado de estupor em que mergulhou nestes últimos anos.

O risco, contudo, é de que a investida que resultou na criação do Novo Banco de Desenvolvimento e de uma reserva de contingência de US$ 100 bilhões para socorrer economias em apuros não passe de mais um lance de megalomania. Nossa diplomacia tem se mostrado mais afeita a lances mirabolantes do que a produzir resultados efetivos.

Algo sugere que o gosto por holofotes e por uma grandiosidade artificial se fez presente nestes dois últimos dias em Fortaleza. Guido Mantega, por exemplo, acha que o acordo entre os cinco países supera Bretton Woods, o concerto entre 45 nações que sucedeu o fim da Segunda Guerra e resultou na criação de instituições como o FMI e o Banco Mundial.
Sabemos o valor que as opiniões de nosso ministro da Fazenda têm…

O governo brasileiro se viu vencido em suas pretensões de presidir o novo banco, preterido em favor da Índia. Ficou com o prêmio de consolação: ocupará a presidência do conselho de administração – que, esperamos, seja exercida com mais zelo do que o empenhado por Dilma Rousseff quando ocupou a mesma função na Petrobras…

O tal banco surge com dimensão modesta, quando comparada à de instituições de fomento similares já existentes. Terá capital de US$ 50 bilhões para financiar projetos de infraestrutura nos países-membros, enquanto só o BNDES dispõe de US$ 334 bilhões e o Banco Mundial, de US$ 324 bilhões.

Espera-se que o banco de fomento internacional não nasça e prospere com os vícios que hoje marcam a atuação do nosso BNDES, atualmente mais afeito a distribuir privilégios definidos por Brasília do que a executar políticas voltadas ao desenvolvimento horizontal do nosso setor produtivo.

É preciso estar atento, ainda, aos riscos de, sob alegação de querer suplantar “tudo o que está aí”, o novo banco de desenvolvimento dos Brics não seja tão criterioso na cobrança de condicionalidades ambientais para a concessão de empréstimos – como é, por exemplo, o Banco Mundial.

Quanto aos efeitos sobre a nossa política externa propriamente dita, a investida junto aos Brics contrasta com os quase quatro anos de inação de nossa diplomacia, depois de oito anos de hiperatividade exibicionista. Tal política nos valeu, inclusive, perda de espaço para os mesmos parceiros que ora se juntam para criar as novas instituições anunciadas em Fortaleza.

Nos últimos cinco anos, o Brasil mais comprou do que vendeu da China, da Índia, da Rússia e da África do Sul. Para os chineses, as exportações cresceram 111% e as importações, 171% entre 2009 e 2014; para os indianos, 102% e 281%, respectivamente; para os russos, enquanto as vendas subiram 18%, as importações aumentaram 238%. Para a África do Sul, as exportações caíram 7% no período e as importações subiram 83%, mostrou a Folha de S.Paulo na semana passada.

Se a investida junto aos Brics não for apenas um lance de oportunismo, terá valido a pena, por romper o isolacionismo que tem levado o Brasil a perder de goleada no plano internacional. Como tudo em política externa, os prazos a serem cumpridos são longos. A ver se a cúpula de Fortaleza não terá sido só um bric-à-brac que junta intenções díspares, excessivas e, não raro, de mau gosto.

“Ofensiva palanqueira”, análise do ITV

palacio-do-planalto-foto-george-gianni--300x199A desfaçatez com que os petistas misturam interesse público com campanha eleitoral não tem limites. Seus expedientes não são novos e repetem os mesmos excessos já vistos em 2006, quando Lula buscou a reeleição, e levados a extremos em 2010, quando até a saúde econômica do país foi hipotecada para eleger Dilma Rousseff. Tudo vira palanque.

Desde a fatídica terça-feira em que a seleção brasileira naufragou na Copa do Mundo, a presidente da República se lançou numa ofensiva de comunicação para evitar que a onda de mau humor diante de tão retumbante fiasco se transformasse em má vontade com sua candidatura. Até aí, é jogo jogado.

Dilma estaria apenas no exercício legítimo da luta política se, para tanto, não empenhasse estruturas e recursos públicos, confundisse o figurino de presidente da República com o de candidata à reeleição e transformasse solenidades públicas em tribuna de agressão a adversários políticos. Pois é assim que a petista tem agido.

Ontem ela reuniu 16 de seus 39 ministros a fim de, formalmente, apresentar um balanço da Copa do Mundo. Foram três horas e meia de solenidade, recheadas de números ufanistas, mas na qual a cereja do bolo foi dedicada a disparar críticas a todos os que alertaram sobre riscos, malfeitos, excessos e desperdícios envolvidos na preparação do Brasil para a Copa. Tudo transmitido ao vivo pela emissora de TV oficial.

Novamente misturando futebol e política, e ao contrário do que prega, Dilma deu a linha e seus ministros mais beligerantes atiraram em seguida. Os alertas, as críticas, a fiscalização zelosa da imprensa, da oposição e dos órgãos de controle, tudo foi classificado pelos exultantes petistas como “pessimismo”. Faltou pouco para a presidente tornar a chamá-los de “urubus”, como fez na semana passada.

Voltemos a constatar: no que correu dentro de campo, a Copa foi um espetáculo; naquilo que envolveu a hospitalidade dos brasileiros, a coordenação de vários níveis de governo e o empenho de agentes privados, o torneio transcorreu sem maiores incidentes. Daí a todo o alarido oficial de que o sucesso foi absoluto vai olímpica distância.

Muito já se disse sobre a falta de legado consistente da Copa. Mas vale ainda agregar mais um registro, feito hoje pela Folha de S.Paulo: apenas entre as ações de mobilidade urbana previstas para o Mundial, 23 obras importantes no país ficaram por fazer, embora tenham encarecido 25%. Dos 294 km de corredores para ônibus e trilhos previstos, somente 130 foram finalizados.

Mas voltemos à ofensiva palanqueira de Dilma. Nos últimos dias, entrevistas exclusivas da presidente foram oferecidas à imprensa internacional. Mas os repórteres montam seus equipamentos para ouvir uma chefe de Estado e acabam por escutar uma candidata à reeleição. Já havia sido assim com a CNN Internacional na semana passada e voltou a sê-lo com a Al Jazeera ontem.

À TV do Quatar, a petista chegou a cometer o despautério de pedir votos para sua reeleição: “Creio que o povo brasileiro deveria dar-me oportunidade de um novo mandato, visto que somos parte de um projeto que transformou o Brasil”. É constrangedora a falta de limites, analisada com maestria por Dora Kramer na edição de hoje de O Estado de S. Paulo.

Muitos hão de se lembrar que, ao longo de 2009 e 2010, com Lula à frente os petistas protagonizaram verdadeiras caravanas da mentira ao levar Dilma e um séquito de ministros para visitar obras que deveriam render frutos eleitorais Brasil afora. Todas elas – transposição do rio São Francisco, Transnordestina, Abreu e Lima, entre outras – até hoje remanescem inacabadas.

Com a Copa não será diferente. O sucesso do que ocorreu entre quatro linhas ao longo de 32 dias de evento é fato. Toda a onda em torno de um êxito absoluto capaz de expiar o que não deu certo são versões que lutarão para se sobrepor à realidade, mas se esfacelarão com o passar do tempo.

Os escrúpulos, Dilma Rousseff e seu governo já mandaram às favas: converteram prestação de contas em atos de campanha pela reeleição; abandonaram gabinetes e subiram em palanques; transformaram compromissos oficiais em comícios. A caravana da mentira petista está de volta.

“A ‘Copa das Copas’ não aconteceu”, análise do ITV

wdo_5456-300x199Dilma Rousseff praticamente se livrou da taça ontem na cerimônia de premiação da campeã Alemanha, na tentativa de evitar vaias e apupos. Mesmo levando três segundos para passá-la às mãos do capitão Philipp Lahm, não conseguiu. Com a mesma velocidade, o governo petista quer agora dar um jeito de virar a página da Copa do Mundo, decretando seu sucesso absoluto. Devagar com o andor: política, como futebol, não se ganha no grito. A “Copa das Copas” não aconteceu.

O Mundial realizado novamente no Brasil depois de 64 anos teve muito de positivo. Mas, principalmente, pelo que ocorreu dentro das quatro linhas dos gramados. O sucesso decorreu especialmente do futebol organizado, planejado e globalizado jogado pela maior parte das 24 seleções que vieram disputar a taça.

É deste futebol vencedor que o governo petista agora quer afastar nossos bons jogadores, com sua proposta de criar barreiras para impedir a exportação de talentos para o exterior. Seria uma maneira, segundo disse a presidente na semana passada, de encher estádios – os mesmos que estão fadados a se tornar uma manada de elefantes brancos em virtude da megalomania exibida pelos petistas na organização da Copa.

Trata-se de mesma visão isolacionista e intervencionista que marca muitos aspectos da atual gestão. Tal vezo colide com a constatação de que um dos motivos de a Copa ter tido futebol tão exuberante e equilibrado foi o fato de todas as seleções serem predominantemente formadas por jogadores que disputam alguns dos mais competitivos campeonatos nacionais e regionais na Europa. Já pensou se nossa seleção só pudesse contar com as estrelas do Brasileirão?

Bons resultados também foram notados em relação à organização do torneio, à realização das partidas e dos eventos paralelos. Neste caso, deve-se muito ao esforço de milhares de brasileiros, à simpatia e hospitalidade de outros tantos e à participação de diversas esferas de governo espalhadas em 12 cidades-sede. Querer atribuir-se senhor absoluto deste êxito, como tenta fazer o governo federal, é gol de mão.

Pior ainda é tentar, usando todos os seus poderosos instrumentos de propaganda, decretar no grito que tivemos a “Copa das Copas”. Entre uma bela Copa e uma Copa perfeita, vai distância tão grande quanto a que separa o futebol vencedor jogado pelos alemães da bolinha batida pela seleção do agora ex-técnico Luís Felipe Scolari.

O Brasil foi escolhido em outubro de 2007 para sediar o torneio. Nestes quase sete anos, teve todas as condições de transformar a oportunidade de abrigar uma Copa num motor de realizações, numa usina de produção de benefícios duradouros para a população brasileira. Os resultados não passam nem perto disso.

Os balanços da Copa devem se basear no cotejo entre aquilo que o governo se comprometeu a fazer e o que efetivamente fez até o torneio. O levantamento mais completo é o que foi feito pela Folha de S.Paulo no primeiro dia em que a bola rolou nos gramados brasileiros.
Dos 167 compromissos assumidos em 2010, apenas 53% foram finalizados a tempo do Mundial. Outros 41% estavam incompletos e seriam concluídos durante ou, na maior parte dos casos, depois da Copa. Um mês antes, também a Folha havia apontado que somente 10% das obras de mobilidade prometidas haviam sido concluídas.

A promoção do torneio custou mais caro que o previsto, chegando a R$ 26 bilhões, dos quais 84% saíram de cofres públicos via orçamentos ou linhas de crédito liberadas por instituições federais, segundo o Valor Econômico. Os gastos especificamente com estádios triplicaram em relação ao informado à Fifa.

Para garantir melhor desempenho durante o torneio, a organização brasileira também teve que se valer de esquemas especiais, como a escalação de homens do Exército para policiar vias públicas ou a decretação de feriados para esvaziar as metrópoles em dias de jogos. Teve, portanto, que recorrer ao improviso.

Passada a Copa do Mundo, cabe ao governo de turno responder por que não entregou o que prometeu. Cabe, ainda, explicar à população os motivos de ter feito tanto esforço para bem atender o público internacional durante 32 dias de festa e não exibir a mesma dedicação cotidiana para tornar o dia a dia de 200 milhões de brasileiros melhor. O fim dos jogos é só o início desta prestação de contas.

“Vem aí a Futebolbrás”, análise do ITV

abr260613wdo_5211-300x198O governo jura que jamais vinculou futebol à política. Mas desmente-se todos os dias. A investida da hora é tentar descolar-se do fracasso da seleção brasileira defendendo a “renovação” do nosso futebol. Até instrumento para isso eles já têm: botar o Estado para intervir no esporte, a mesma receita que fracassa na economia.

Até a fatídica terça-feira em que a Alemanha atropelou o Brasil no Mineirão, a ordem era surfar na onda de otimismo, na esperança de que ela desaguasse na entrega da taça de campeão ao zagueiro Thiago Silva no domingo. Mas a maré baixou antes da hora e, com o naufrágio, busca-se agora, desesperadamente, o que afaste a presidente do espectro do fracasso em campo.

Anteontem, Dilma Rousseff deu, em entrevista à CNN Internacional, sua receita para superar o infortúnio: usar o poder de governo para impedir que jogadores deixem o país, como forma de criar atrativos para encher estádios brasileiros. Em paralelo, seu ministro de Esportes acrescentou que o Estado tem que participar das decisões futebolísticas. Não será surpresa se vier por aí uma Futebolbrás.

O governo pega carona no legítimo movimento protagonizado por alguns jogadores, o Bom Senso F.C. Na sua agenda renovadora do futebol nacional, a presidente promete recebê-los no Palácio do Planalto na próxima semana. E depois diz que não mistura política com a paixão nacional…

Na falta de uma lista robusta de benefícios duradouros para a população decorrentes da realização da Copa no Brasil, constatação que o discurso oficial luta para encobrir, o governo agora quer transformar uma possível reestruturação do nosso futebol – algo desejável – num feito seu. Pelo jeito, enfim encontraram um legado para exibir.

No entanto, o vezo estatizante que move corações e mentes do petismo – e que cobra seu alto preço no desempenho medíocre da nossa economia – se faz novamente presente. O cardápio vai desde a submissão de clubes e cartolagem ao Estado até a proibição da venda de jogadores para o exterior, ferindo, inclusive, a liberdade dos profissionais.

Do que se divulgou ontem, parece correto apenas querer cobrar contrapartidas de clubes e entidades de futebol a benesses concedidas pelo governo, como a renegociação de dívidas tributárias. Mas há aberrações como, por exemplo, ameaçar rebaixar time que atrasa salários.

Futebol se joga e se ganha, ou se perde, dentro de campo. A relação profissional entre jogadores e contratantes deve obedecer às mesmas regras e leis que regem qualquer categoria no mercado de trabalho.

Dilma e seu ministro de Esportes não querem que o Brasil “exporte matéria-prima e consuma produto acabado”. Acham que, intervindo no mercado da bola e podando a liberdade de ascensão dos nossos jogadores, conseguirão encher estádios Brasil afora.

A presidente poderia ter a mesma preocupação em relação ao resto da nossa pauta de comércio exterior, cada vez mais concentrada em produtos de baixo valor agregado. E poderia achar outra e mais eficiente maneira de salvar da ociosidade os elefantes brancos travestidos de “arenas” construídos para a Copa.

Futebol exige treino, diz Dilma. Corretamente. Mas também exige perseverança, competência, dedicação, trabalho árduo. O que a presidente diz sobre a seleção de Felipão cabe muito bem para sua equipe de governo. Afinal, são todos atributos bastante em falta na gestão do país…

Um ano atrás, depois que a seleção conquistou a Copa das Confederações, a presidente tentou tornar-se sócia do triunfo e disse que seu governo era “padrão Felipão”. Será que ela continua achando isso ou, dentro da sua estratégia de surfar na onda da hora, vai tentar forjar um novo bordão?

Aproveitar um momento de infortúnio para começar a construir um caminho que, no longo prazo, conduza ao reencontro com a trajetória de sucesso é algo bem-vindo, necessário, salutar. É o que fez a Alemanha depois de 2006, quando fracassou na Copa promovida em casa.

Iniciar esta trajetória mirando as eleições, apropriando-se oportunisticamente de movimentos e sentimentos legítimos de profissionais e torcedores e, sobretudo, enfiando o Estado onde não deve parece ser a pior maneira de tentar renovar o futebol brasileiro.